Por Peter Nurse
Investing.com - Os mercados de petróleo estavam em alta na terça-feira (7), com investidores entusiasmados com a ideia de que os principais produtores de petróleo do mundo concordarão em reduzir a produção em uma reunião na quinta-feira, após uma queda dramática nos preços causada pelo surto de coronavírus.
Às 10h50 (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA eram negociados em alta de 1,6%, a $ 26,50 por barril, enquanto o contrato de referência internacional Brent subia 2,2%, para $ 33,80. Ambos os contratos estavam sendo negociados acima de US$ 60 no início do ano.
Na terça-feira, a Rússia confirmou sua participação na reunião dos principais produtores de petróleo marcada para 9 de abril, juntando-se à Arábia Saudita e aos demais membros da Opep. Além disso, na sexta-feira deve ocorrer uma reunião dos ministros da Energia do G20, que incluirá representantes de outros dois grandes produtores fora do bloco da Opep+, Canadá e Brasil, além dos EUA.
A conferência, que seria realizada por meio de vídeo, havia sido agendada inicialmente para 6 de abril, mas foi adiada em meio a uma guerra de palavras entre a Rússia e a Arábia Saudita.
"Os preços do petróleo estão se apoiando nas expectativas do mercado sobre um acordo para uma redução de produção de 10 milhões de barris por dia (bpd), ou pelo menos perto de 10 milhões de bpd", disse o analista do BNP Paribas (PA:BNPP ), Harry Tchilinguirian, ao Reuters Global Oil Forum.
Um acordo anterior de três anos para estabilizar os preços do petróleo entrou em colapso há um mês, com a Arábia Saudita e a Rússia culpando uma à outra por não o terem renovado na reunião da Opep+ em Viena, em 6 de março.
Muito também dependerá do papel que os EUA desempenharem em possíveis cortes na produção. O grupo Opep+ reduziu a produção nos últimos anos, enquanto os produtores dos EUA aumentaram a sua, o que fez com que o país se tornasse o maior produtor de petróleo do mundo.
Os esforços do presidente Donald Trump para convencer as empresas americanas a reduzir a produção não deram em nada no fim de semana. Desde então, ele concentrou forças no mercado, levando a produção do país a diminuir em resposta à queda dos preços.
A Continental Resources (NYSE:CLR), por exemplo, anunciou terça-feira uma forte redução na produção para o próximo mês e meio.
"Estima-se que a demanda global de petróleo e produtos derivados tenha sido impactada em 30% devido ao COVID-19. Portanto, estamos reduzindo nossa produção para abril e maio de 2020 em uma faixa semelhante", disse o CEO Bill Berry.
Uma ação coordenada dos produtores de petróleo dos EUA poderia ser vista como uma violação das leis antitruste.
Ainda na terça-feira, o American Petroleum Institute publicará seus números semanais dos estoques de petróleo dos EUA após o fim do pregão. Na semana passada, foi registrado um enorme aumento de mais de 10 milhões de barris.
A Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês) também divulgará sua mais recente previsão para a energia no curto prazo. "No mês passado, a EIA previa que a produção dos EUA em 2020 aumentaria em 770Mbbls/d, e depois diminuiria em 340Mbbls/d em 2021, e há claramente mais quedas nos próximos meses", disse o ING, em uma nota de pesquisa.