Por Peter Nurse
Investing.com - Os mercados de petróleo operavam em queda acentuada na segunda-feira (30), atingindo mínimas de vários anos, em meio a receios crescentes de que o desligamento global causado pelo coronavírus possa durar meses, adiando a previsão de uma recuperação na demanda para acabar com um excesso sem precedentes.
Às 10h (horário de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA eram negociados em baixa de 4,4%, a US$ 20,55 por barril, tendo anteriormente caído para menos de US$ 20 na segunda-feira, enquanto o contrato do índice de referência internacional Brent caía 5,4%, para US$ 26,46, atingindo o nível mais baixo em 17 anos.
No final do domingo, o presidente Donald Trump estendeu a orientação atual sobre distanciamento social até o final de abril, depois que o principal especialista em doenças infecciosas dos EUA disse que as mortes podem chegar a 200.000. Trump havia dito anteriormente que queria que a economia voltasse à quase normalidade na Páscoa.
O consumo cairá em 26 milhões de barris, ou 25%, nesta semana, já que as medidas de distanciamento social para conter o coronavírus agora afetam 92% do PIB global, disseram analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS), incluindo Jeff Currie e Damien Courvalin, em uma nota.
Houve pelo menos 900.000 barris por dia de interrupções anunciadas nos poços, sendo o número real provavelmente maior e crescendo a cada hora, acrescentaram, sendo a produção de petróleo dos EUA, da Rússia e do Canadá as mais vulneráveis.
Uma ilustração do impacto da queda na demanda foi demonstrada por Baker Hughes, que relatou na sexta-feira que o número de plataformas americanas ativas que perfuram petróleo caiu em 40, para 624 naquela semana. Isso ocorreu após um declínio de 19 plataformas de petróleo na semana anterior.
E, enquanto a demanda está em queda, o mercado está repleto de oferta, após um pacto entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros produtores, conhecidos como OPEP +, para conter a produção de petróleo e apoiar os preços caiu por terra devido a uma briga entre a Arábia Saudita e a Rússia.
Houve poucos sinais de recuo dos dois lados desde então. Um funcionário do Ministério de Energia da Arábia Saudita disse na sexta-feira que o reino não estava em negociações com a Rússia para equilibrar os mercados de petróleo, apesar da crescente pressão de Washington para interromper a batalha, enquanto o vice-ministro da Energia da Rússia, Pavel Sorokin, disse que o petróleo a US$ 25 por barril é desagradável, mas não uma catástrofe para Moscou.
"O mercado mudou do retrocesso para o contango profundo, com os spreads de tempo atingindo níveis mais amplos que os da crise financeira global de 2008", disseram analistas do Instituto de Estudos Energéticos de Oxford.
Os analistas acrescentam, de acordo com seu modelo, que “o desequilíbrio entre oferta e demanda é projetado para atingir 5,7 mb/d em 2020 e 3,3 mb/d em 2021, o que aprofundará ainda mais o contango, à medida que os estoques continuarem a crescer e os comerciantes recorrerem cada vez mais ao armazenamento flutuante”.