HAVANA (Reuters) - Autoridades cubanas disseram na noite de sábado que não vão tolerar "desordem pública" enquanto trabalhadores de emergência da ilha limpavam os escombros e trabalhavam para restaurar a energia em partes do oeste de Cuba que ainda estavam no escuro, quatro dias após a passagem do furacão Rafael.
Rafael derrubou centenas de linhas de transmissão e postes em todo o oeste de Cuba, interrompendo a distribuição de energia de todo o país, que tem 10 milhões de habitantes, e provocando protestos.
O principal procurador de Cuba disse ter apresentado queixa e detido "preventivamente" pessoas nas províncias de Havana, Mayabeque e Ciego de Ávila por "agressão, desordem pública e vandalismo".
“(Tais crimes) contrastam com a atitude altruísta e de apoio de todos aqueles que, nas atuais circunstâncias, se dedicam a ajudar a recuperação do país”, afirmou o procurador em um breve comunicado que não inclui detalhes sobre as prisões ou os crimes.
“As ações para recuperação dos serviços devem ser acompanhadas por um clima de ordem, disciplina e respeito às autoridades.”
Mais de 85% da capital Havana teve a energia restaurada na manhã de domingo, informou a operadora de rede de Cuba. Porém, alguns moradores protestaram nas redes sociais sobre os contínuos apagões.
As províncias de Artemisa e Pinar del Río, as mais atingidas por Rafael, ainda estavam praticamente sem energia no domingo.
Os protestos na Cuba governada pelos comunistas são extremamente raros, mas têm surgido com mais frequência à medida que as tensões aumentam devido aos apagões diários de horas de duração e à escassez de água, combustível, alimentos e medicamentos.
Embora a Constituição de Cuba de 2019 conceda aos cidadãos o direito de protestar, uma lei que define mais especificamente esse direito esteve paralisada durante anos na legislatura, deixando num limbo jurídico aqueles que saem às ruas.
Grupos de defesa dos direitos humanos, a União Europeia e os Estados Unidos criticaram a resposta de Cuba aos protestos antigovernamentais de 11 de julho de 2021 – os maiores desde a revolução de Fidel Castro de 1959 – como violenta e repressiva.
(Reportagem de Dave Sherwood)