Por Marius Zaharia e Donny Kwok
HONG KONG (Reuters) - A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse nesta terça-feira que espera que um impasse entre a polícia e um grupo de manifestantes antigoverno entrincheirado em uma universidade possa ser resolvido logo, e instruiu a polícia a tratá-los com dignidade.
Cerca de 100 manifestantes permanecem na Universidade Politécnica de Hong Kong, que foi cercada pela polícia, depois de mais de dois dias de confrontos nos quais mais de 200 pessoas ficaram feridas.
Lam falou pouco depois de o novo chefe de polícia da cidade pedir o apoio de todos os cidadãos para encerrar mais de cinco meses de tumultos, provocados pelo temor de que o governo central da China esteja minando a autonomia especial e as liberdades do território.
No campus abrangente da Universidade Politécnica, localizada no distrito de Kowloon, a sensação de desespero imperava em meio ao som de alarmes de incêndio na tarde desta terça-feira.
A universidade é a última de cinco que os manifestantes ocuparam para usar como bases a partir das quais lançam os protestos pela cidade, interditando o túnel subterrâneo central e ruas importantes e forçando o fechamento de negócios, inclusive shopping centers, para submeter o governo a uma pressão econômica, disseram.
Lam disse que 600 manifestantes deixaram o campus, incluindo 200 com menos de 18 anos.
Centenas deles fugiram da universidade ou se renderam de madrugada em meio a batalhas recorrentes em ruas próximas enquanto a polícia disparava gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha, e os manifestantes lançavam coquetéis molotov e tijolos.
A certa altura, dezenas de manifestantes realizaram uma fuga dramática deslizando por tubos de plástico de uma ponte e escapando em motos que os esperavam enquanto policiais disparavam projéteis.
No que muitos verão como uma ilustração do endurecimento do controle de Pequim, a legislatura da China questionou a legalidade de um veredicto emitido por um tribunal de Hong Kong na segunda-feira que determinou que a proibição das máscaras usadas pelos manifestantes é ilegal.
O Congresso Nacional do Povo (NPC) disse que as cortes de Hong Kong não têm autoridade para opinar sobre a constitucionalidade da legislação da cidade, noticiou a agência estatal de notícias Xinhua.
Lam disse que seu governo está basicamente do "lado reativo" ao lidar com os protestos, mas não descartou mais episódios de violência, apesar de estar pedindo paz.