NOVA YORK (Reuters) - A projeção para produção de açúcar do centro-sul do Brasil na nova safra (2022/23) foi revisada para baixo nesta quarta-feira pela consultoria Datagro, que vê usinas desviando mais cana para a fabricação de etanol.
Mas a consultoria acredita que a maior produção na Ásia ainda levará a um aumento na oferta global do adoçante.
O analista-chefe da Datagro, Plinio Nastari, disse durante a conferência de açúcar Citi ISO Datagro, em Nova York, que a produção de açúcar do centro-sul do Brasil deve cair para 32,1 milhões de toneladas em 2022/23, 900.000 toneladas a menos do que o estimado em março.
O analista ajustou sua projeção da quantidade de cana-de-açúcar que as usinas brasileiras devem destinar à produção de açúcar para 43,8%, ante 44,7% em março. Cada ponto percentual nesse "mix" de produção significa cerca de 750.000 toneladas a menos de açúcar a ser produzido.
Nastari disse que a redução na perspectiva de produção de açúcar também é resultado de uma menor moagem de cana, agora em 552 milhões de toneladas, ante 562 milhões de toneladas projetadas em março.
"Alguns canaviais ainda apresentam desenvolvimento irregular. A umidade do solo está abaixo dos níveis históricos", disse ele em apresentação.
A Datagro aumentou sua perspectiva para a produção de etanol do centro-sul do Brasil em 100 milhões de litros para 29,9 bilhões de litros.
MUNDO
A menor produção brasileira de açúcar não impedirá o aumento da oferta global, já que a produção na Índia e na Tailândia, os outros grandes exportadores mundiais, deverá aumentar.
A Datagro espera que a produção de açúcar da Tailândia salte para 13 milhões de toneladas em 2022/23, de 10,1 milhões de toneladas em 2021/22, enquanto a Índia deve produzir novamente mais de 35 milhões de toneladas.
Como resultado, a consultoria vê o superávit no mercado global de açúcar aumentando para 2,86 milhões de toneladas em 2022/23, de 1,42 milhão de toneladas em 2021/22.
(Por Marcelo Teixeira)