SÃO PAULO (Reuters) - A competição por matéria-prima no agronegócio do Brasil aumentou com uma maior presença de empresas chinesas no país, o que explica em parte um quadro mais apertado da oferta de milho no país após forte exportações, avaliou nesta quinta-feira o consultor José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados.
"Aumentou a competição na compra de grãos do Brasil", disse ele durante evento da BM&Fbovespa em São Paulo, citando que empresas chinesas estão agora com armazéns no Centro-Oeste que antes não existiam.
"O que isso significou? Uma parte da história do milho", acrescentou ele, referindo-se ao atual quadro de escassez de oferta do cereal, que atingiu preços recordes em 2016 em meio à quebra de safra após fortes exportações no início do ano.
Segundo ele, essa maior competição é boa para o agricultor, mas as agroindústrias brasileiras precisam se preparar, pois não será mais possível comprar uma safra de milho a preços baixos, como ocorria no passado.
"Estavam acostumados com a saca de milho em Mato Grosso valendo um sanduíche", disse ele, destacando com o Brasil está cada vez mais forte na exportação do cereal.
Ele lembrou ainda que, com uma maior presença de asiáticos buscando garantir oferta de alimentos no Brasil, multinacionais tradicionais como Bunge e ADM também têm enfrentado mais competição.
No mesmo evento, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Neri Geller fez comentários semelhantes, ao ressaltar que a a agroindústria brasileira tem que entender que não vai mais comprar milho barato conforme o país se consolida como um exportador do cereal.
(Por Roberto Samora)