Por Julia Payne e Dmitry Zhdannikov
LONDRES (Reuters) - A demanda por petróleo pode recuar em mais de 30 milhões de barris por dia (bpd) em abril, à medida que a economia mundial aproxima-se da interrupção devido à pandemia de coronavírus, afirmou o economista-chefe da trading de commodities Trafigura.
A previsão, a maior realizada até este momento por um membro de alto escalão da indústria, equivale a cerca de um terço do consumo diário de petróleo do mundo.
Saad Rahim, economista-chefe da empresa sediada em Genebra, disse que uma guerra entre Arábia Saudita e Rússia por fatias do mercado tem se tornado cada vez mais irrelevante em um momento em que 3 bilhões de pessoas estão sob isolamento ("lockdown") para evitar a propagação do Covid-19, sem que haja qualquer previsão para que isso termine.
"Você pode ver que uma vez ou outra, quando Trump diz que vai conversar com Putin sobre energia, o mercado tem uma leve recuperação, mas... já é tarde demais", disse Rahim via telefone.
O economista projetou os cortes de operações por refinarias em cerca de 7 milhões a 8 milhões de bpd, mas disse estimar que eles avancem para entre 12 milhões a 13 milhões de bpd em mais ou menos duas semanas, uma vez que a circulação de pessoas e produtos diminui ainda mais.
A única demanda consistente por combustíveis vem da China, que está em retomada, de unidades militares globais e de partes da África que por ora continuam com circulação, segundo ele.
Produtores terão de cortar ainda mais produção em breve, à medida que o espaço para estoque se esgotará no próximo mês.
"Se a destruição de demanda chegar a 30 milhões de bpd, isso significa que 1 bilhão de barris de petróleo precisarão ser estocados em apenas um mês. Globalmente, há espaço para apenas 800 milhões de barris 'onshore', além de 100 milhões a 150 milhões de barris de forma flutuante", disse Rahim.