A diretora de infraestrutura, transição energética e mudança climática do BNDES, Luciana Costa, afirmou que o País vai precisar de subsídios "inteligentes e focados" para fomentar a transição energética e que o banco vê produtores de hidrogênio verde como candidatos claros a receber essa vantagem.
Embora os subsídios a fontes renováveis estejam acabando, Costa acrescentou que sua continuidade pode ser discutida para projetos de geração de energia elétrica associada ao hidrogênio verde. A diretora do BNDES fez as afirmações em seminário organizado pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e o Institute of the Americas (IOA).
"Subsídio inteligente e focado é importante. O mundo inteiro trabalha com subsídios. Discutimos onde faz mais sentido. Subsídio tem que ter data para acabar, é um ciclo. Já fizemos isso direito com renováveis, o Brasil já fomentou eólica e solar", disse Costa.
Especificamente sobre hidrogênio verde, ela lembrou que o custo de produção é bem superior ao de outras moléculas e, por isso, deve ser subsidiado.
"O hidrogênio verde, para mim, é o caso de subsídio claro que precisa ter. Os subsídios para eólica e solar estão acabando, mas eólica e solar associadas a hidrogênio verde, a gente pode considerar", disse.
No painel, Luciana Costa disse que o Brasil vai precisar de R$ 350 bilhões em investimentos por ano no horizonte de uma década, para infraestrutura e energia elétrica, a fim de reduzir o 'gap' com relação a outros mercados e viabilizar a produção de hidrogênio verde em grande escala.
O BNDES, afirmou, não suporta esse volume de financiamento e, por isso, o País vai precisar de outras ferramentas, bancos privados, mercado de capitais e instrumentos multilaterais. Nesse sentido, ela citou conversas com Banco Mundial, BID, Banco Europeu de Investimentos, que têm linhas para financiar a transição no Brasil.
"A gente tem muita vantagem comparativa em recursos naturais, mas uma restrição de capital maior que europeus e americanos. Algum subsídio vai ter que ter", disse.
A executiva afirmou que os Estados Unidos devem "despejar" um volume tão grande de recursos em negócios ligados à transição, como hidrogênio verde, que será impossível para o Brasil competir no mercado americano, mas que Europa, Japão e China serão mercados aos quais a produção brasileira deverá servir.