Enquanto a economia do país anda para trás, o horizonte para o próximo ano traz uma esperança para os produtores de açúcar do país. As crescentes previsões de déficit mundial de açúcar, somada à desvalorização do real frente ao dólar, abrem espaço para maiores ganhos na venda da commodity na safra 2016/2017, que se inicia oficialmente em maio.
Os primeiros fortes sinais positivos para o produtor apareceram em outubro, quando a cotação no mercado spot de São Paulo subiu 35% e fechou a R$ 73,46/saca de 50 kg no dia 30, segundo dados do Cepea.
A disparada dos preços reflete a elevação de déficit nas previsões para o mercado de açúcar. As expectativas de desequilíbrio variam entre 2,6 milhões de toneladas, da consultoria Datagro, e 5,6 milhões de t da FCStone. No mesmo mês, a Organização Mundial de Açúcar elevou de 2,5 milhões de t para 3,5 milhões de t sua expectativa de déficit.
“O mercado está antecipando o provável novo déficit da safra 2016/17. E isso tem elevado os preços em dólar em Nova York e Londres”, avalia o presidente da Datagro, Plínio Nastari.
Os melhores números no mercado externo somam-se às favoráveis condições internas com a elevação do preço da gasolina da Petrobras (SA:PETR4) nas refinarias e da tributação sobre o derivado aumentou a remuneração no produtor no etanol. O preço no produtor do etanol subiu de R$ 1,18/litro, em junho, para R$ 1,73/l no último mês. O redirecionamento da cana-de-açúcar para a produção do biocombustível também contribuiu para um aumento da cotação do açúcar no mercado interno.
Apesar da elevação do preço do etanol, o açúcar vem remunerando melhor o produtor. Segundo cálculos do Cepea, com a escalada de preços da commodity, o produto rendeu ao produtor 34% mais que o anidro e 36% acima do obtido com as vendas do hidratado.
A maior rentabilidade com a elevação dos preços, contudo, não garante que os usineiros deverão optar por uma safra mais açucareira em 2016/2017. “Se o produtor for olhar preços relativos via fazer açúcar. No entanto, se olhar para o longo prazo, vai manter o mix de etanol”, prevê Nastari, que acredita em uma safra ligeiramente mais açucareira.