Por Kate Abnett
BRUXELAS (Reuters) - As tensões estão aumentando antes da cúpula climática da ONU deste ano, à medida que os países vulneráveis elevam as demandas para que os países ricos paguem compensações pelas perdas infligidas às pessoas mais pobres do mundo pelas mudanças climáticas.
Quando diplomatas de quase 200 países se reunirem em 7 de novembro na cidade litorânea de Sharm El Sheikh, no Egito, as negociações abordarão como reduzir as emissões de CO2 que causam as mudanças climáticas e como lidar com os impactos climáticos existentes, incluindo ondas de calor mortais, incêndios florestais, aumento do nível do mar e seca.
Mas outra questão provavelmente dominará as negociações: “perdas e danos”, ou destruição relacionada ao clima de casas, infraestrutura e meios de subsistência nos países mais pobres que menos contribuem para o aquecimento global.
Os 46 países menos desenvolvidos do mundo, que abrigam 14% da população global, produzem apenas 1% das emissões anuais de CO2 pela queima de combustíveis fósseis, de acordo com a ONU.
À medida que a COP27 se aproxima, as perdas climáticas estão aumentando --tanto em países ricos quanto em países pobres. Nas últimas semanas, incêndios florestais consumiram enormes extensões de terra no Marrocos, Grécia e Canadá, a seca devastou vinhedos da Itália e inundações fatais atingiram Gâmbia e China.
"Tem sido uma conjuntura crítica. Estamos sendo afetados e conversamos sobre isso há muito tempo. Mas agora os países ricos também estão sendo afetados", disse Saleemul Huq, consultor do grupo Fórum de Vulnerabilidade Climática de 55 países.
Os países ricos também não cumpriram a promessa de 100 bilhões de dólares por ano até 2020 para ajudar os países pobres a reduzir as emissões e se preparar para as mudanças climáticas. Os pagamentos de perdas e danos seriam adicionais a esses 100 bilhões.
"Não é ambíguo. Finança significa dinheiro. Significa colocar a mão no bolso e tirar um dólar, um euro, um iene e colocá-lo na mesa para as vítimas da mudança climática", disse Huq.