Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) - A Ecom Energia, uma das maiores comercializadoras de energia independentes do país, planeja ampliar sua força de vendas com a seleção e treinamento de mil agentes autônomos, visando capturar para sua base de clientes parte dos cerca de 100 mil consumidores que estarão aptos a migrar para o mercado livre a partir de janeiro de 2024.
O plano da comercializadora é aumentar sua capilaridade em todo o país com agentes parceiros, que passarão por uma formação educacional, gratuita e digital, sobre o mercado livre de energia para poder atrair pequenos consumidores, como supermercados e padarias, para os serviços de energia da Ecom.
À Reuters, o co-CEO e fundador da Ecom, Márcio Sant'Anna, destacou a importância de ações educacionais para ampliar o conhecimento de todos os consumidores do país sobre o "ambiente de contratação livre", em um momento em que a liberalização do mercado começa a avançar.
A partir de 2024, todos os consumidores ligados em alta tensão estarão aptos a contratar sua energia, a preços e condições negociadas diretamente com geradores e comercializadores, no chamado "ACL", hoje restrito principalmente a grandes empresas e indústrias.
A expectativa é que a abertura do mercado continue avançando nos próximos anos, até chegar aos consumidores residenciais --o que deverá trazer mudanças comerciais importantes para empresas que vendem energia, como comercializadoras e geradoras.
"O mercado vai passar pelo mesmo modelo que passamos há 20 anos (quando o mercado livre foi criado para grandes clientes), vamos ter que 'catequizar' 106 mil clientes (para 2024)", disse Sant'Anna.
O público-alvo da Ecom para esses mil postos de agentes autônomos são profissionais que tenham alguma familiaridade com o setor de energia, como eletricistas em geral e instaladores de sistemas solares e outros equipamentos.
A ideia é que, ao tornar-se um agente da Ecom, esses profissionais consigam uma renda extra, com comissões que podem chegar até 50 mil reais por um único contrato, segundo estimativas da comercializadora.
Com a maior força de vendas, a comercializadora pretende fechar este ano com um portfólio de 40 megawatts (MW) médios de energia vendida no "varejo" do setor elétrico. O volume ainda é baixo se comparado às transações feitas pela empresa no "atacado", para grandes clientes do setor elétrico, que chegam a 700 MW médios.
Até 2027, o objetivo da comercializadora é ter 15% do mercado livre varejista, o que significa entre 15 mil e 20 mil clientes, com 300 MW médios negociados.
Segundo o co-CEO da Ecom, a empresa já vem trabalhando desde o início deste ano para começar a migrar novos clientes a partir de janeiro de 2024. Atualmente, já são 100 clientes "varejistas" que aguardam os trâmites da migração.
"Agora é exponencial, no segundo semestre vai acontecer uma explosão, com os nossos novos agentes", avaliou.
(Por Letícia Fucuchima)