SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica EDP (SA:ENBR3) Energias do Brasil não tem planos para participar de leilões de energia do governo neste ano, afirmou nesta quinta-feira o presidente da empresa, Miguel Setas, que acredita que o atual contexto macroeconômico do país e a entrada de grandes usinas em operação vão reduzir a demanda por eletricidade e impactar as contratações por meio de licitação pública.
"Estamos em um cenário de excesso de oferta (de energia) nos próximos anos, o que retirará o espaço para uma grande demanda em leilões. Obviamente, as expectativas para os leilões nos próximos anos têm que ser reajustadas", afirmou Setas a jornalistas em coletiva de imprensa para divulgação de resultados.
A companhia deverá focar na conclusão de seus projetos em desenvolvimento, as hidrelétricas de Cachoeira Caldeirão, no Amapá, e São Manoel, entre Pará e Mato Grosso, ambas em parceria com a chinesa Three Gorges.
Na usina do Amapá, a geração precisaria ter início em janeiro de 2017, mas os testes das turbinas já começaram e a operação comercial está prevista para breve --o empreendimento tem avanço físico de 95 por cento.
A antecipação será perseguida também em São Manoel, que por contrato precisaria começar a gerar em maio de 2018, afirmou Setas. "Ainda é cedo pra dizer, mas ambicionamos fazer".
Questionado sobre oportunidades de aquisição, Setas disse que a companhia analisa oportunidades em geração e distribuição, mas ressaltou o foco em concluir a construção das hidrelétricas em obras.
O executivo afirmou ainda que, com a venda da fatia da EDP Renováveis Brasil ao braço global de energia limpa do grupo, a EDP Renováveis, a companhia focará a atuação em geração no Brasil em projetos hidrelétricos e termelétricos a gás natural --novas usinas a carvão estão descartadas por questões ambientais.
A empresa também elevará os investimentos em distribuição de energia em 2016, afirmou Setas.
"A conclusão das obras (das hidrelétricas) demandará 60 por cento de nosso investimento. Os outros 40 por cento estão concentrados na distribuição. Temos uma decisão estratégica de aumentar os investimentos em nossas distribuidoras mesmo no contexto atual (de queda da demanda)", disse.
A EDP Energias do Brasil controla duas distribuidoras, a Escelsa, no Espírito Santo, e a Bandeirante, que atua no Estado de São Paulo.
Segundo Setas, apenas a Bandeirante tem sofrido com sobrecontratação --os contratos de compra de energia da empresa representam entre 105 e 110 por cento da demanda dos consumidores.
Até o limite de 105 por cento, o custo da sobrecontratação é repassado para os consumidores. A partir desse patamar eventuais perdas financeiras pelas sobras são arcadas pelas distribuidoras.
"Está se debatendo com o regulador (Aneel) um conjunto de soluções. Temos uma lista longa de soluções que poderiam ser tidas em conta para minimizar esse efeito", disse Setas.
(Por Luciano Costa)