Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O Rio Grande do Sul, que continua sendo afetado por uma seca, revisou pela segunda vez no mês a estimativa de produção de soja do ciclo 2019/20, agora estimando uma redução de 32% ante as projeções iniciais, para 13,3 milhões de toneladas, de acordo com boletim desta quarta-feira da Emater, o órgão de assistência técnica do governo gaúcho.
No início do mês, a produção do Estado, tradicionalmente o terceiro produtor de soja do Brasil, já havia sido revisada para 16,5 milhões de toneladas, ante 19,7 milhões projetadas inicialmente pela Emater, enquanto integrantes do governo naquela oportunidade já alertavam para novas perdas.
Os problemas nas lavouras gaúchas podem tirar o brilho de uma safra até o momento projetada para ser recorde no país, com chuvas abundantes beneficiando os cultivos na maior parte do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.
A safra de soja brasileira foi estimada na terça-feira em cerca de 124 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Para apontar essa projeção recorde na véspera, a Conab considerou uma projeção de safra para o Rio Grande do Sul de 16,9 milhões de toneladas.
Isso implica dizer que, se a Conab reduzir a safra gaúcha em mais 3 milhões de toneladas no levantamento de abril --como já fez a Emater no recente levantamento-- a produção do Brasil poderia ficar em aproximadamente 121 milhões de toneladas, considerando que não sejam feitos ajustes significativos em outros Estados.
Dados anteriores da Conab registravam a safra 2017/18 como a maior da histórica do Brasil, com 119,2 milhões de toneladas. Mas a estatal está revisando estimativas para a soja e não tem publicado informações sobre a oferta e demanda da oleaginosa nos últimos levantamentos mensais.
A própria Emater, contudo, aponta que as perdas na soja, que está sendo colhida no Estado, podem aumentar mais.
"Esses dados são referentes ao retrato da situação até a última segunda-feira, e não a uma projeção para o resultado após a safra", declarou a empresa de assistência técnica.
"A estiagem persiste e esses números podem aumentar", completou em nota o diretor técnico Alencar Rugeri.
A produção de milho do Rio Grande do Sul, que planta o cereal somente na primeira safra, também foi reavaliada para baixo, mas a redução foi menos significativa em relação à da soja.
Agora a Emater estima a safra gaúcha em 4,4 milhões de toneladas, versus 4,7 milhões de toneladas na previsão do início do mês, que já significava uma queda de 21% ante a projeção inicial.
As chuvas só começam a chegar ao Rio Grande do Sul na próxima semana, ainda assim em volumes pequenos. Os maiores acumulados serão vistos somente na última semana do mês, que ainda assim deve encerrar com precipitações abaixo da média em algumas áreas, segundo dados da Refinitiv.
(Por Roberto Samora)