Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Rio Grande do Sul 2023/24 foi estimada nesta terça-feira em 22,25 milhões de toneladas, redução de cerca de 200 mil toneladas na comparação com a previsão inicial, mas ainda um volume de produção recorde, de acordo com levantamento da Emater.
Se confirmada a previsão, a safra deverá ter um salto de 71,5% na comparação com a temporada anterior, atingida pela seca, segundo a empresa de assistência técnica ligada ao governo gaúcho.
De acordo com o diretor técnico da Emater/RS, Claudinei Baldissera, alguns municípios sofreram déficit de chuva perto da época do Carnaval, mas isso não comprometeu de forma relevante os resultados previstos. A safra gaúcha também foi atingida por umidade excessiva na época do plantio.
"São números que brilham os olhos, estamos com a lavoura ainda em desenvolvimento, mas com encaminhamento... é preciso que a colheita ocorra em condições climáticas adequadas", afirmou Baldissera.
Boletim da última semana da Emater apontou o início da colheita em algumas regiões mais a noroeste do Estado, mas a empresa ainda não indicava um percentual de área já colhida, após atrasos no plantio por conta da chuva. Pela média histórica, nesta época, o Rio Grande do Sul já deveria ter colhido ao menos 2% da área.
"São números muito bons que colocam a safra 23/24 no topo do ranking na linha do tempo, comparado com anos anteriores. Ano passado a safra de soja ficou na 10ª posição", acrescentou Baldissera, ao apresentar os números durante a feira Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque.
A safra de soja 23/24 deverá superar o volume máximo visto em 2020/21, quando somou pouco mais de 20 milhões de toneladas, favorecida este ano pelo fenômeno climático El Niño, que traz chuvas para o Sul.
Nos últimos anos, produtores gaúchos lidaram com o La Niña, que resulta em seca, registrando seguidas frustrações climáticas.
A recuperação da safra do Rio Grande do Sul permitirá que o Estado se coloque como o segundo produtor de soja do Brasil em 23/24, superando o Paraná, que sofreu alguns problemas climáticos no ciclo atual e tem safra estimada em 18,2 milhões de toneladas, conforme levantamento do governo paranaense.
Além disso, também ajudará a sustentar a produção brasileira, considerando que Estados do Centro-Oeste brasileiro, em especial o líder Mato Grosso, sofreram com as intempéries em 2023/24.
A safra de soja de Mato Grosso 2023/24 está estimada em 38,44 milhões de toneladas, queda de 15,7% na comparação com o ciclo anterior, disse o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) na véspera.
OUTROS GRÃOS DO RS
Se o clima praticamente não alterou a projeção de safra de soja, no caso do milho a produção do Rio Grande do Sul foi rebaixada para 5,2 milhões de toneladas, ante pouco mais de 6 milhões de toneladas na previsão inicial.
Ainda assim, a colheita de milho do Estado, maior produtor do cereal do país na primeira safra, deverá crescer 31,5% na comparação com a temporada passada, afetada pela seca.
O Rio Grande do Sul, que não planta milho na segunda safra, aposta suas fichas todas no verão, no tocante ao cereal.
O Estado gaúcho, também o maior produtor de arroz do país, deverá colher cerca de 7,5 milhões de toneladas do produto, praticamente estável na comparação com a previsão inicial, com alta de 3,5% ante a temporada passada, segundo a Emater.
(Por Roberto Samora)