SÃO PAULO (Reuters) - Os embarques de carne de frango do Brasil em julho tiveram queda de 18,9 por cento ante o mesmo período do ano passado, para 362,7 mil toneladas, com preços mais altos do produto levando à retração de alguns compradores, informou a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A associação explicou ainda que o recuo na comparação anual é ampliado pelo fato de julho de 2015 ter registrado o maior volume em um único mês nas exportações brasileiras, de 447,2 mil toneladas.
Mas pesou a alta nos preços internacionais, que impactou vendas para importantes mercados in natura do Oriente Médio e da Ásia.
"Este é um resultado direto da alta dos custos de produção, que influenciou a elevação dos preços internacionais deste ano", disse o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra, em nota.
O Brasil é o maior exportador global de carne de frango.
A indústria de carne de frango do Brasil está lidando com altos preços do milho, principal matéria-prima da ração, após uma quebra de safra no país e fortes exportações brasileiras do cereal no início do ano.
Nos sete primeiros meses do ano, entretanto, os embarques do setor tiveram alta de 7,85 por cento em relação ao mesmo período de 2015, chegando a 2,628 milhões de toneladas.
Com o desempenho, a receita cambial dos embarques em julho deste ano chegou a 606,4 milhões de dólares, queda de 21,4 por cento ante julho de 2015. No ano, a retração chega a 4,96 por cento, para 3,990 bilhões de dólares.
Já na receita em reais as exportações geraram no mês passado saldo 21,2 por cento inferior em relação a julho de 2015, com 1,960 bilhão de reais. No ano, o resultado total chega a 14,4 bilhões de reais, 13,33 por cento acima do registrado no mesmo período de 2015.
CARNE SUÍNA
Os embarques de carne suína in natura também registraram retração em julho, em meio a um recuo nos embarques para a Rússia.
Ao todo, foram embarcadas 52,2 mil toneladas, 4,8 por cento a menos na comparação com o mesmo período do ano passado.
"A principal queda nos embarques mensais ocorreu na Rússia, em cerca de 50 por cento. Ao mesmo tempo, China e Hong Kong mantiveram o ritmo dos embarques", disse o vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin.
Mas ele ressaltou que "a proporção entre a retração dos embarques para a Rússia e o resultado mensal mostra que o setor tem conseguido diminuir a dependência de um único mercado, ampliando a participação de outros exportadores no saldo geral".
Apesar disto, nos sete primeiros meses deste ano o setor mantém números positivos, com alta de 42,2 por cento na comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 353,4 mil toneladas.
Assim como o resultado em volumes, a receita cambial de julho apresentou queda, de 25,3 por cento, para 111,6 milhões de dólares. Já no acumulado do ano o saldo cresceu 5,8 por cento, totalizando 685,2 milhões de dólares.
(Por Roberto Samora)