Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - Instalações de menor porte para geração de energia renovável, como placas solares em telhados de casas e comércios, devem se tornar cada vez mais comuns no Brasil, e a elétrica francesa Engie, que já é líder em geração no país, quer aumentar fortemente a presença nesse setor nos próximos anos, disse à Reuters nesta sexta-feira um executivo da companhia.
A elétrica passou a atuar com a chamada geração distribuída no país ao comprar participação em uma empresa do ramo em 2016, e nesta semana dobrou a aposta com a aquisição da fatia restante no negócio por um valor não revelado.
A expectativa agora é que a Engie Geração Solar Distribuída tenha um crescimento agressivo nos próximos anos, o que deverá inclusive passar por investimentos em um novo modelo de negócio --a construção de usinas solares de médio porte para a venda direta da energia a clientes, disse o CEO da Engie Soluções, Leonardo Serpa.
"Nos próximos quatro a cinco anos a gente tem um plano de estar com um faturamento cinco vezes maior do que estaremos ao final de 2018", projetou o executivo, sem abrir números.
A Engie Geração Solar Distribuída deve fechar este ano com cerca de 2 mil instalações de sistemas solares, principalmente em telhados de residências e unidades comerciais, como farmácias e supermercados, contra apenas 600 em 2016, quando a companhia foi comprada.
Mas, a partir do segundo semestre, a empresa deve passar a apostar também em "fazendas solares" que poderão vender a produção diretamente aos clientes em pequenos lotes, de maneira pulverizada.
"A gente está lançado a primeira 'comunidade solar' agora no segundo semestre. É uma usina de 2 megawatts em Minas Gerais onde a gente vai vender (a energia gerada) para clientes que não querem investir para fazer sua própria instalação ou não possuem telhado adequado, por exemplo. Aí ele 'aluga', recebe uma porcentagem do que é gerado", explicou Serpa.
Depois da primeira unidade, que deve estar pronta no quarto trimestre, o modelo poderá ser replicado em novos locais, incluindo áreas no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Segundo Serpa, a Engie já possui estudos para até cerca de 50 megawatts em empreendimentos como esses.
"É um segmento muito interessante para a gente, porque o mercado residencial de instalações tem uma competição muito forte em termos de preço. Já para construção de uma usina solar remota, não tem muitos players no mercado que vão conseguir fazer um investimento dessa magnitude, e a Engie acredita que pode se diferenciar", disse.
"A gente está querendo fazer de três a cinco usinas dessas por ano, mas é difícil dizer ainda porque é um mercado que está sendo construído. Mas a gente quer ser líder --já somos um dos líderes do mercado de energia solar no Brasil", adicionou Serpa.
EXPANSÃO EM SERVIÇOS
Outra aposta da Engie é em serviços de eficiência energética associados às instalações de geração distribuída, o que aumenta os benefícios que os clientes podem obter com o negócio.
A ideia é oferecer esses serviços com tecnologia da ACS, uma empresa de eficiência energética brasileira comprada pela Engie no início deste ano. A empresa produz equipamentos que monitoram o consumo e ajudam na busca por economia.
Os negócios fazem parte de uma estratégia global da Engie de crescer em serviços descentralizados de energia e geração limpa.
"Essa é a tendência do mercado de energia de uma forma mundial... E nós queremos ser líderes dessa transformação energética", disse Serpa.
Além da presença em serviços, a Engie controla no país a Engie Brasil Energia, geradora líder em capacidade entre os investidores privados do setor elétrico local.
A companhia possui um portfólio de usinas em operação no Brasil com cerca de 7,7 gigawatts em capacidade, divididos em 30 empreendimentos --desses, dois são solares.
(Por Luciano Costa)