Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo federal espera uma arrecadação de ao menos 1 bilhão de reais com o leilão de áreas marítimas do pós-sal e terrestres na quarta-feira, com a expectativa de que o setor receba novos investidores e também acreditando em uma disputa mais acirrada em blocos próximos ao polígono do pré-sal, disse uma autoridade do Ministério de Minas e Energia.
A 14ª Rodada da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a ser realizada com novas regras pró-investidores, deve ser marcada também por uma atuação mais discreta da Petrobras (SA:PETR4), cujo foco principal tem sido o pré-sal, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do ministério, Márcio Félix.
O Brasil leiloará 287 blocos de exploração onshore e offshore na quarta-feira, podendo arrecadar pelo menos 1,69 bilhão de reais se todos forem arrematados.[nL2N1M61A5]
"A arrecadação de 1 bi já seria bem significativa e vai estar entre as grandes arrecadações", disse à Reuters o secretário Félix, engenheiro e funcionário de carreira da Petrobras, ao comentar um valor inferior ao total estimado em bônus no caso de todos os blocos serem arrematados sem ágio.
Félix reconhece que nem todos os blocos serão vendidos, mas espera a chegada de novas empresas ao mercado brasileiro e uma disputa intensa por blocos em águas profundas nas bacias de Campos e Espírito Santo.
"O sucesso do leilão não vem só da arrecadação, mas da diversificação do setor com a entrada de novos operadores e empresas, o que vai dar dinamismo para indústria. Quanto mais operadores, maior é o sinal de vitalidade do setor", acrescentou ele.
O secretário destacou que, apesar do maior bônus mínimo ter sido fixado para um bloco na bacia de Sergipe-Alagoas, a grande concorrência deve ocorrer por áreas localizadas na chamada "franja do pré-sal".
"Não esperamos a venda de todas as áreas, há um conjunto grande de áreas que já foi oferecido em outros leilões e tem algumas áreas que vão ter mais atração como Campos, que tem áreas contíguas ao polígono do pré-sal, e a Bacia do Espírito Santo, que são regiões para empresas maiores e onde há volumes acumulados mais expressivos", comentou.
A rodada ainda será um aperitivo para dois outros certames do pré-sal, programados para o mês que vem, com 11 grandes empresas globais habilitadas.[nL2N1M70IX]
Para a 14ª rodada, foram modificadas e simplificadas as normas do regime de concessão para estimular a presença das empresas. Entre as novidades estão a possibilidade de extensão da fase de exploração por razões técnicas; retirada do conteúdo local como critério de oferta na licitação; a adoção de royalties diferenciados para áreas de nova fronteira, entre outras medidas.
Ao todo, 32 empresas, sendo 18 de origem estrangeiras estão habilitadas para o leilão, e a expectativa gira em torno da atuação de gigantes do setor como Exxon, CNOCC, Petrobras, Shell, Total, BP e Repsol (MC:REP), mas empresas médias também despertam expectativa no governo.
"Achamos que a Exxon pode entrar em Campos ou Espírito Santo... as grandes vão mirar nisso e acho que eles também. Há uma área interessante na franja do pré-sal em Campos. No caso do Espírito Santo, há possibilidade de sub-sal parecido com Golfo do México e possibilidades para a produção de gás para atender a o fornecimento elétrico", disse o secretário.
"Os blocos em Santos, em águas mais rasas, achamos que tem mais um perfil de empresas médias", complementou.
PETROBRAS
No passado, o sucesso dos leilões da ANP sempre esteve associado ao desempenho e atuação da estatal brasileira Petrobras.
A petroleira nacional vem focando sua performance no aumento de produção com o atual portfólio, forte redução de custos e diminuição no elevado endividamento, além da execução de um pesado plano de desinvestimento.
Por isso, a atuação da empresa na 14ª rodada tende a ser mais discreta que no passado, segundo Félix.
"Com certeza, será uma atuação mais seletiva, mas a gente espera que faça ofertas, mas em águas profundas", previu ele.
A rodada ocorre em um ambiente de preço do petróleo menos atrativo, na casa dos 50 dólares o barril e um mês antes de leilões de áreas no pré-sal, que prometem chamar a atenção do mundo do petróleo.
Mesmo assim, o Félix acha que esses fatores não inibem o apetite das empresa.