Quito, 16 ago (EFE).- O governo do Equador está disposto a pedir ao Legislativo que autorize a exploração petrolífera em parte do Parque Yasuní, na Amazônia, enquanto ecologistas e indígenas anunciam ações para evitá-la, um dia depois de o Executivo pôr fim a uma iniciativa que propunha deixar o óleo sob a terra.
O presidente equatoriano, Rafael Correa, anunciou na quinta-feira o fim da iniciativa Yasuní-ITT, porque "o mundo falhou" ao não contribuir com o projeto que pretendia proteger um setor da floresta amazônica e não explorar uma grande jazida petrolífera em troca de uma compensação econômica.
Correa disse que pedirá a autorização à Assembleia Legislativa, de maioria governista, para explorar o bloco Ishpingo Tambocoha Titutini (ITT) no Parque Nacional Yasuní, declarado Reserva Natural da Biosfera pela Unesco.
O presidente equatoriano espera que os ministérios apresentem relatório da viabilidade ambiental, técnica, financeira e constitucional da exploração de petróleo nos campos.
O presidente da Comissão de Biodiversidade do Legislativo, Carlos Viteri, expressou nesta sexta-feira no canal de televisão "Ecuavisa" seu "pesar e decepção pelo pouco apoio da comunidade internacional, que mostrou um discurso dúbio" na luta contra o aquecimento global.
Segundo ele só foram recolhidos US$ 13 milhões para a iniciativa, quando o compromisso seria de US$ 116 milhões de apoio. Já a ministra de Ambiente do Equador, Lorena Tapia, insistiu que o governo garantirá o controle ambiental na exploração de petróleo.
Grupos ambientalistas e indígenas reuniram nesta sexta-feira suas vozes para rejeitar a anunciada exploração, por temor a danos ao meio ambiente e às comunidades nativas da região.
O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas, Humberto Cholango, considera necessário realizar uma consulta popular em torno da iniciativa Yasuní-ITT e adiantou que vai acionar organismos internacionais sobre os perigos da exploração petrolífera.
O coletivo "Amazônia pela vida", que agrupa defensores do meio ambiente, emitiu um comunicado repudiando a intenção.
"Muita gente, crianças incluídas, contribuíram para a não exploração do petróleo. Houve publicidade, compromissos éticos, investimentos em pesquisas, gasto público. Como vão fechar as contas? Quem dará satisfação aos doadores?".
O Equador lançou o projeto há seis anos, quando pediu a "corresponsabilidade" econômica da comunidade internacional para não explorar o petróleo na ITT na Amazônia peruana. EFE