Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O Espírito Santo, principal Estado produtor de café robusta (conilon) do Brasil, está finalmente vendo uma melhor perspectiva de produção após amplas chuvas em fevereiro terem melhorado a condição dos cafezais, disseram especialistas.
A melhora deverá gerar uma safra maior neste ano, após resultados decepcionantes em 2016 e 2015 em meio a condições extremamente secas. O clima mais favorável também prepara terreno para uma recuperação ainda mais forte em 2018.
"De modo geral, acredito que a safra vai ser maior que a do ano passado, que atingiu 4 milhões a 4,5 milhões de sacas de conilon no Estado... Acredito que podemos ter um crescimento médio de aproximadamente 20 por cento, passaria de 5 milhões de sacas", afirmou engenheiro agrônomo Wander Ramos Gomes, coordenador técnico da Cooabriel, maior cooperativa de produtores de café do Espírito Santo.
Dessa forma, a cooperativa acredita que poderá receber 750-800 mil sacas de café em 2017, ante 600 mil sacas em 2016.
Gomes disse ainda acreditar que a safra vai "surpreender". Ele lembrou também que lavouras de café erradicadas no ano passado, em função da seca, já tinham baixo potencial produtivo.
"O que ficou foram as lavouras que estavam um pouco melhor."
O pesquisador do instituto de pesquisa e extensão rural do Espírito Santo (Incaper) Romário Gava Ferrão concordou que a safra poderia crescer 20 por cento, ainda que ele considere prematuro qualquer previsão.
"O conilon é valente, quem viu as plantações um ano atrás e viu hoje, pelo aspecto vegetativo, parece que está em outro Estado, mas ela (a árvore) está com pouco fruto... Mas se o clima continuar nessa condição melhor, isso vai mostrar produção em 2018", afirmou Ferrão, coordenador do programa estadual de cafeicultura.
Já Gomes avalia que com a renovação forçada do parque cafeeiro a produção futura poderá ser beneficiada, até porque muitos cafezais produtivos foram arrancados no período da seca.
Ele vê potencial para uma safra de conilon do Espírito Santo entre 7,5 milhões de sacas e 8 milhões de sacas em 2018 e talvez 9 milhões em 2019, se as condições climáticas ficarem perto do normal.
O Estado já chegou a colher mais de 10 milhões de toneladas de conilon.
A colheita de café conilon, que normalmente acontece um pouco antes das de arábica em outras partes do Brasil, deverá ter início em abril, intensificando em meados do mês.
ARÁBICA
Produtores de arábica, variedade que responde pela maior parte da safra de café do Brasil, também estão se aproveitando das recentes chuvas para intensificar os tratos às lavouras alguns meses antes do início da colheita, a fim de maximizar a produtividade.
A safra de arábica, apesar disso, deverá cair ante 2016 devido ao ano de baixa no ciclo bienal de produção dessa variedade.
Chuvas favoráveis distribuídas nas principais regiões produtoras de arábica de São Paulo e Minas Gerais no fim de fevereiro e início de março garantiram umidade suficiente para produtores adicionarem fertilizantes para impulsionar o crescimento dos frutos, disse o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em nota semanal.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a produção total de café (arábica e conilon) entre 43 milhões e 47 milhões de sacas, ante 51 milhões de sacas no ano passado.