Por Daphne Psaledakis e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - O governo dos Estados Unidos continua aberto ao diálogo com o governo venezuelano, afirmaram autoridades norte-americanas nesta terça-feira, após o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, dizer que concordou em recomeçar negociações diretas, apenas semanas antes da eleição presidencial de 28 de julho no país.
As autoridades afirmaram que os EUA haviam indicado que estão receptivos a discussões em “boa fé”, mas não chegaram a confirmar o comunicado de Maduro, feito no fim da segunda-feira, de que uma reunião agora está marcada para os próximos dias.
Maduro busca um terceiro mandato, e os EUA expressaram preocupação se ele cumprirá a promessa de realizar eleições justas e livres. Governos ocidentais disseram que a sua reeleição em 2018 foi uma farsa.
O líder socialista enfrentará Edmundo González, um ex-diplomata veterano que foi indicado como o principal candidato da oposição após a Suprema Corte manter uma proibição que impede Maria Corina Machado, a vencedora das primárias, de ocupar cargos públicos -- o que foi condenado pelos EUA na época.
Desde então, Machado deu seu apoio a González, e ele abriu uma ampla vantagem para Maduro nas pesquisas de opinião.
Os EUA restauraram sanções contra a Venezuela relacionadas ao petróleo do país em meados de abril, acusando Maduro de não cumprir totalmente com as garantias eleitorais que ele havia feito em acordo com a oposição.
Maduro afirmou em um programa de televisão que havia aceitado a proposta de Washington de recomeçar as conversas com os EUA “para cumprir com o acordo assinado no Catar e restabelecer os termos do diálogo com respeito”.
Negociações secretas entre EUA e Venezuela no Catar no fim do ano passado ajudaram a abrir caminho para que Maduro marcasse as eleições neste mês.
“Não entrarei em detalhes sobre nossas relações diplomáticas, além de dizer que, no contexto da Venezuela -- vocês nos ouviu dizer isso antes --, é claro que acolhemos diálogos em boa fé e apoiamos o desejo do povo venezuelano por eleições competitivas e inclusivas em 28 de julho”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel.
“Estamos cientes que mudanças democráticas não serão fáceis e certamente exigem um compromisso sério”, disse Patel, em um briefing diário em Washington.
O negociador oficial da Venezuela e presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, participará das negociações, segundo Maduro, sem detalhar os tópicos específicos que serão discutidos.
Não ficou claro em um primeiro momento se a reunião será realizada em pessoa ou virtualmente. Uma reunião anterior entre autoridades seniores dos EUA e representantes de Maduro foi realizada no México, em meados de abril.
(Reportagem de Matt Spetalnick e Daphne Psaledakis em Washington; reportagem adicional de Vivian Sequera em Caracas)