Por Rania El Gamal
DUBAI (Reuters) - O mercado de petróleo deve estar em equilíbrio até o final de 2019, com a queda dos estoques globais enquanto a demanda permanece forte, mas o trabalho da Opep ainda não está concluído, disse à Reuters o ministro de petróleo do Kuweit.
Mas ainda há incertezas sobre o crescimento da demanda por petróleo devido a preocupações com o impacto da disputa comercial entre Estados Unidos e China sobre a economia global, enquanto a produção de petróleo "shale" nos EUA ainda está crescendo, disse Khaled al-Fadhel nesta segunda-feira.
Essas incertezas no horizonte estão tornando difícil para a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados ter um plano claro sobre a oferta no segundo semestre. Fadhel disse que ainda é muito cedo para dizer agora se os produtores prorrogarão os atuais cortes de produção após junho.
A Opep, a Rússia e outros produtores, uma aliança conhecida como Opep+, concordou em reduzir a produção em 1,2 milhão de barris a partir de 1 de janeiro, por seis meses, em acordo que visava parar a alta dos estoques e o enfraquecimento dos preços.
"Há uma grande ansiedade no mercado hoje, principalmente relacionada a preocupações com a oferta. Por exemplo, o impacto da decisão do governo dos EUA anunciada recentemente de não prorrogar isenções temporárias dadas a grandes compradores de petróleo do Irã ainda não foi sentido", afirmou Fadhel em respostas por escrito à Reuters.
Ele também citou a possibilidade de sanções adicionais dos EUA sobre a Venezuela, tensões políticas na Líbia, um crescimento na produção dos EUA e as disputas comerciais entre EUA e China como fatores que tornam incerta a perspectiva global de oferta e demanda.
"Se nós olharmos os estoques comerciais da OCDE, eu acredito que estamos no caminho certo. Os estoques da OCDE estão caindo rumo à média de 5 anos, e o nível recorde de cumprimento dos cortes atingido em abril pela Opep e seus aliados teve um papel importante", afirmou.
Os produtores reduziram a oferta em abril em 168% do que haviam se comprometido no pacto.
"Mas nós ainda temos algum trabalho a mais para fazer. Eu acredito que o mercado deve estar equilibrado durante o segundo semestre de 2019, mais para o final do ano."
Um crescimento sazonal da demanda é esperado nos próximos meses, e ele deverá ser forte, uma vez que refinarias ao redor do globo estão saindo de manutenção, mas ainda há incertezas sobre o tamanho dessa demanda, disse ele.
A parcela da Opep nos cortes é de 800 mil bpd, mas a redução tem sido maior devido a perdas de produção no Irã e na Venezuela, que estão sob sanções dos EUA e isentos de cortes voluntários no acordo liderado pela Opep.
O presidente norte-americano Donald Trump tem pedido que a Arábia Saudita, líder de fato da Opep, aumente a produção para reduzir os preços.
A Rússia também quer aumentar a produção após junho, quando o pacto do grupo Opep+ expira, mas a Arábia Saudita teme uma derrocada nos preços e uma alta nos estoques.
Questionado sobre se é possível um aumento da produção no segundo semestre, Fadhel disse que "todas opções estão sobre a mesa". "Esse não é um cenário improvável", acrescentou.
Ele disse ainda que um acordo de cooperação de longo prazo entre a Opep, a Rússia e outros produtores estará na agenda do encontro do grupo Opep+ em junho.