LONDRES/DUBAI (Reuters) - A Opep pediu a seus membros que não mencionem os preços do petróleo ao discutirem políticas, em um movimento de ruptura com o passado, já que o grupo tenta evitar o risco de ação legal dos EUA por manipular o mercado, disseram fontes próximas ao cartel.
A proposta de legislação norte-americana conhecida como "NOPEC", que poderia expor o grupo a ações judiciais antitruste, está há muito tempo adormecida, com presidentes anteriores dos EUA sinalizando que vetariam qualquer medida para torná-la lei.
Mas o presidente dos EUA, Donald Trump, tem sido um crítico da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, culpando-a pelos altos preços do petróleo e pedindo que aumente a produção para aliviar a pressão sobre um mercado que ronda máximas de quatro anos.
Isso fez com que a Opep e sua líder não-oficial, a Arábia Saudita, ficassem nervosas sobre o que isso poderia significar para a NOPEC, ou para a Lei dos Cartéis de Produção e Exportação de Petróleo.
A decisão de não discutir um nível de preço do petróleo preferencial --uma das maneiras pelas quais o grupo pode orientar as expectativas do mercado-- ressalta como a posição agressiva de Trump no mercado de petróleo está perturbando a Opep e testando os laços entre os aliados Ria e Washington.
Em julho, altos funcionários da Opep participaram de um workshop em Viena com a firma de advocacia internacional White & Case para discutir o projeto NOPEC, e os advogados aconselharam evitar a discussão pública dos preços do petróleo e falar sobre a estabilidade do mercado de petróleo, disseram duas fontes familiares com o assunto.
Oficiais da Opep também foram aconselhados a explorar os canais de lobby diplomático para tentar impedir que o projeto de lei NOPEC se torne lei, disse uma das fontes.
Em 1º de agosto, o secretariado da Opep enviou uma carta aos ministros fazendo uma recomendação semelhante.
"Acreditamos que a estabilidade do mercado, e não os preços, é o objetivo comum de nossas ações", escreveu o ministro de Energia dos Emirados Árabes, Suhail al-Mazroui, que ocupa a presidência rotativa da Opep neste ano, em uma carta, vista pela Reuters.
A White & Case não respondeu a um pedido da Reuters para comentar.
(Reportagem adicional de Jarrett Renshaw em Nova York e Yara Bayoumy em Washington)