Por Hugh Bronstein
BUENOS AIRES (Reuters) - As entregas de grãos de soja a plantas de processamento têm sofrido severa interrupção na Argentina, a maior fornecedora mundial de farelo de soja para ração animal, à medida que o país reage à pandemia de coronavírus, disse a câmara da indústria local de exportação de grãos.
Mais de 70 municípios pelo país estão adotando medidas contra o coronavírus que envolvem o controle da movimentação da produção agrícola por suas jurisdições, segundo dados da câmara de exportadores CIARA-CEC, que representa companhias globais incluindo Bunge e Dreyfus.
Tem havido uma "forte redução" nas entregas de soja por caminhões a grandes plantas de processamento que se espalham pelas margens do rio Paraná, a principal via para os grãos da Argentina, disse à Reuters o chefe da câmara de exportadores, Gustavo Idigoras.
Graças ao altamente fértil cinturão de grãos dos pampas, produtos agrícolas processados ou não são a principal fonte de exportação da Argentina e obtenção de moeda forte para o país em um momento em que o governo local luta contra a recessão e tenta evitar um "default" da dívida soberana.
Os futuros da soja na bolsa de Chicago fecharam em leve alta na terça-feira, impulsionados por preocupações de que medidas contra o coronavírus desacelerem embarques de soja do Brasil e da Argentina.
Na China, muitos processadores de soja já suspenderam a operação devido à falta de grãos, uma vez que o vírus tem atrapalhado as exportações da oleaginosa da América do Sul.
Na Argentina, o principal problema é a redução na velocidade de deslocamento dos caminhões devido às precauções que estes precisam tomar ao pegar a soja para entrega às plantas de processamento.
"Todas plantas estão recebendo cerca de metade dos caminhões que geralmente chegavam nessa época do ano"", disse um comerciante em Buenos Aires, sob a condição de anonimato.
"Se um estivador ou fiscal de grãos tiver um caso confirmado de coronavírus, a redução no ritmo de moagem vai rapidamente piorar", disse a fonte, que trabalha para uma grande empresa internacional de grãos.
A importante cidade portuária de Timbues bloqueou a entrada de caminhões na sexta-feira para conter o coronavírus. Timbues é uma das três principais cidades que compõem o principal centro de exportação de grãos da Argentina, em Rosário.
Os produtores argentinos devem colher 51,5 milhões de toneladas de soja este ano, segundo a bolsa de grãos de Rosário.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 5644 7519)) REUTERS LC