Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) -A exportação de soja do Brasil foi estimada em 3,375 milhões de toneladas em janeiro, afirmou nesta quarta-feira a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), com base em dados da programação de navios nos portos.
Isso representaria um salto na comparação com as 53,6 mil toneladas de janeiro do ano passado, quando o Brasil estava com estoques baixos e enfrentava um atraso no início da colheita.
Contando com maior oferta da safra passada e uma colheita antecipada na temporada atual, os embarques de soja em janeiro também podem superar o volume de 2,5 milhões de toneladas de dezembro, conforme dados da Anec.
O diretor-geral da Anec, Sérgio Mendes, lembrou que os estoques de soja, após a safra recorde de 2021, permitiram que o Brasil mantivesse bons volumes de exportação ao final do ano passado, o que deve prosseguir nos primeiros meses de 2022.
"Acredito que em janeiro e fevereiro ainda tenha bons volumes de exportação de soja", destacou ele à Reuters, salientando a importância dos volumes da safra velha para isso.
Para fevereiro, quando a colheita estará mais avançada, a Anec tem expectativa de que o Brasil no mínimo repita os embarques do mesmo mês do ano passado, alcançando exportações de 5,5 milhões de toneladas.
Ou, numa visão mais otimista, as exportações poderiam crescer entre 2% e 5% em fevereiro na comparação anual.
Mendes comentou que há preocupações com chuvas excessivas em Mato Grosso, onde a colheita já começou em algumas áreas, e com a falta delas no Sul do Brasil.
A seca ao Sul do país tem gerado incertezas sobre o tamanho da safra e também dificulta prognósticos da Anec sobre os embarques em 2022, acrescentou o diretor-geral --algumas consultorias privadas já apontam quebras expressivas.
"O que preocupa mais é chuva na lavoura em excesso em Mato Grosso, e a falta de chuva no Paraná e Rio Grande do Sul", comentou.
Enquanto a estiagem prejudica a produtividade no Sul do Brasil, no Centro-Oeste as precipitações têm sido mais abundantes, e a previsão é de "muita chuva" nesta e principalmente na semana que vem na região central do país, segundo avaliação da Rural Clima.
A umidade em excesso pode prejudicar a colheita e o escoamento da safra de soja, ressaltou nesta quarta-feita o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima.
Segundo ele, pode ter complicação para a colheita da soja e para o plantio da segunda safra de milho ou algodão em Mato Grosso.
MILHO E FARELO DE SOJA
A Anec também projeta bons embarques de milho e farelo de soja em janeiro, segundo dados apurados com base na programação de navios e repassados à Reuters.
Para o milho, a previsão é de exportação de cerca de 2,5 milhões de toneladas, o que deixaria os embarques acima dos vistos em janeiro de 2021 (2,16 milhão de toneladas, mas abaixo de dezembro (3,3 milhões de toneladas).
No caso do farelo de soja, a projeção é de cerca de 1,77 milhão de toneladas, também superando janeiro do ano passado (987 mil toneladas) e dezembro (1,5 milhão de toneladas).
Para fevereiro, a Anec projeta também uma certa estabilidade nos embarques de farelo de soja e milho ante o mesmo período do ano passado, com as exportações projetadas em cerca de 890 mil e 510 mil toneladas, respectivamente.
(Por Roberto Samora; edição de Marta Nogueira e Maria Pia Palermo)