Por Roberto Samora e José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - As exportações de soja do Brasil deverão superar em 2018 a marca de 80 milhões de toneladas, ante 68 milhões de toneladas no ano passado, com os embarques do país se mantendo fortes em função da demanda da China, de acordo com dados da programação de navios nos portos e de um negociante.
Em disputa comercial com os Estados Unidos, a China voltou-se para o Brasil, maior exportador global de soja, após taxar o produto norte-americano em meados do ano.
A exportação de soja do Brasil no acumulado do ano até a segunda semana de novembro somou 76,4 milhões de toneladas, segundo dados do governo brasileiro.
Até o dia 5 de dezembro, o Brasil deverá embarcar mais 3,2 milhões de toneladas, conforme dados de line-up de navios da agência Williams, volume que considera exportações a partir desta segunda-feira.
O volume de exportação esperada para o ano supera as estimativas da associação da indústria de soja Abiove, que na semana passada revisou para cima seus números de vendas externas em 2018 para 79 milhões de toneladas da oleaginosa.
Na avaliação do presidente da originadora de grãos Agribrasil, Frederico Humberg, o país conseguirá exportar ainda mais em 2018, ou algo entre 82 milhões e 83 milhões de toneladas.
Humberg, que está em viagem de negócios pela China, afirmou que o Brasil conseguirá elevar mais seus embarques neste final de ano por conta de estoques maiores que os estimados, além de uma colheita em 2018 superior às previsões.
Pelos dados da Agribrasil, as exportações no ano até 1º de novembro já tinham atingido 76 milhões de toneladas, um volume maior do que o visto até aquela data pelo governo brasileiro (74,5 milhões de toneladas).
"Já exportamos 76 milhões e tem mais 4,2 milhões de toneladas programados em navios na fila pra carregar (até o fim de novembro). Ou seja, o Brasil deve exportar este ano cerca de 82 a 83 milhões de toneladas! Recorde absoluto!", afirmou ele à Reuters.
Os volumes de exportação obtidos no mercado consideram o total efetivamente embarcado, diferentemente do governo, o que pode explicar a diferença.
Humberg não descartou que, diante dos forte embarques que reduzem a oferta da oleaginosa do Brasil, o país acabe importando alguns volumes adicionais para ser processado pela indústria nacional, até a chegada da nova safra, esperada para a segunda quinzena de dezembro.
(Por José Roberto Gomes e Roberto Samora)