SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil em fevereiro somou 5,12 milhões de toneladas, ligeiramente abaixo da registrada no mesmo mês do ano passado (5,27 milhões), mas configurando o maior volume embarcado desde julho de 2019 (7,4 milhões), de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.
Os fortes embarques de fevereiro foram registrados em meio à colheita de uma safra brasileira estimada em um recorde de 123,25 milhões de toneladas e após exportações relativamente fracas em janeiro, de 1,5 milhão de toneladas, quando o volume colhido da nova temporada ainda era baixo.
O atraso na colheita da temporada atual, após um plantio mais tardio, acabou transferindo muitos embarques antes programados para janeiro, o que ajudou a impulsionar as exportações do mês passado, observou a analista Andrea Cordeiro.
"Muitas compras já estavam programadas para janeiro, mas com o atraso da safra foram empurradas para fevereiro... Mesmo com um ritmo inferior se comparado a fevereiro de 2019, os lineups mostraram aumento de navios ao largo", disse Andrea.
Desde o início de fevereiro, a programação de navios nos portos apontava para uma intensa atividade. Chuvas, contudo, limitaram as movimentações.
"O fluxo de embarques só não foi maior pelo atraso (na safra) e não devido a cancelamentos de compras feitas, como se chegou a ventilar nos bastidores", completou ela.
A analista ainda ressaltou que, se o mercado antecipava o cenário de desaceleração nos embarques de soja para a China baseado apenas na celebração do acordo comercial de Fase 1 entre chineses e norte-americanos, no começo do ano, isso não se confirmou na prática.
"Os negócios entre os países realmente deram uma estagnada e muito devido ao feriado lunar (na China) combinado com o quadro de coronavírus, mas essa foi uma tendência generalizada, e não apenas para o agro e com o Brasil", explicou Andrea, ressaltando que os embarques de fevereiro são de negócios feitos anteriormente.
Ela antecipa que em março as exportações do Brasil deverão seguir firmes, enquanto o Brasil demonstra competitividade em meio a uma grande safra e um dólar forte.
"Vale a pena destacar que esse atraso também empurra uma parte dos compromissos previstos de fevereiro para o mês de março, e essa será a razão de vermos em março um crescimento maior nos lineup... e, se as condições climáticas permitirem, um fluxo intenso de embarques nos portos brasileiros."
Os embarques do mês passado foram fortes apesar de fevereiro de 2020 ter tido 18 dias úteis, enquanto no ano passado foram 20, e em janeiro, 22.
(Por Roberto Samora)