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FCStone eleva previsão e vê safra de açúcar do centro-sul acima de 30 mi t em 2019/20

Publicado 17.01.2019, 10:18
© Reuters. Colheita de cana-de-açúcar em Pradópolis, Brasil
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Por José Roberto Gomes

SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar no centro-sul do Brasil deverá se recuperar na safra 2019/20, que se inicia em abril, e ficar novamente acima dos 30 milhões de toneladas, com usinas atentas a preços potencialmente fortalecidos pelo cenário de déficit na oferta global, disse nesta quinta-feira a INTL FCStone.

Em seu segundo levantamento para a nova temporada, a consultoria projetou uma fabricação de 30,2 milhões de toneladas do adoçante na principal região canavieira do país, contra 29,3 milhões anteriormente e aumento de 14,3 por cento frente ao esperado no atual ciclo 2018/19, marcado por forte foco no etanol em razão da melhor rentabilidade do biocombustível.

Na contramão, a produção de álcool de cana tende a cair 10,7 por cento na comparação anual, para 26,8 bilhões de litros em 2019/20, sendo 17 bilhões de hidratado e 9,8 bilhões de anidro. Na previsão anterior, de novembro, a expectativa era de 27,4 bilhões de litros.

Os analistas da INTL FCStone João Paulo Botelho e Matheus Costa escreveram em relatório que o cenário deve ser "majoritariamente altista" para o açúcar e o etanol nos próximos meses.

"O petróleo deve ser sustentado pela redução na produção dos países da Opep+ e pela possibilidade de endurecimento nas sanções americanas contra o Irã, enquanto os preços do açúcar devem ser beneficiados por um cenário de déficit para a safra global 2018/19", afirmaram.

A Opep+ é o nome dado ao grupo formado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, como a Rússia, que juntos estão cortando a oferta do óleo para conter a queda nos preços.

"Vale destacar, porém, que os futuros do adoçante devem ser influenciados indiretamente pelo movimento do petróleo e, ainda por cima, receber o impacto direto de seus próprios fundamentos. Neste sentido, é improvável que a commodity energética se valorize tanto em relação ao açúcar a ponto de recuperar as perdas recentes. Desta forma, vemos um cenário mais favorável à produção de açúcar na safra 2019/20", acrescentaram.

Segundo a INTL FCStone, a moagem de cana no centro-sul deve cair 1 por cento em 2019/20 ante 2018/19, para 564,7 milhões de toneladas --estável ante a projeção passada. O mix deve ser de 41 por cento da oferta de matéria-prima para o adoçante e os outros 59 por cento para etanol, versus 35,3 e 64,7 por cento, respectivamente, na temporada anterior.

Por enquanto, as condições dos canaviais estão boas, apesar de chuvas aquém da média em dezembro, afirmou a INTL FCStone.

A consultoria também manteve estável sua previsão para a produção de etanol de milho em 2019/20, com 1,2 bilhão de litros, avanço de 35,2 por cento em relação ao estimado para a safra que se encerra.

"Vale destacar que este aumento deve ser possibilitado tanto pela abertura de novas destilarias que operam com o cereal, como pela expectativa de crescimento em mais de 20 por cento na produção da matéria-prima na safrinha", afirmaram Botelho e Costa.

OFERTA GLOBAL

A INTL FCStone passou a prever um déficit de 700 mil toneladas na oferta global de açúcar na temporada 2018/19, iniciada em outubro, ante expectativa de excedente de 1 milhão de toneladas anteriormente.

O balanço reverteria um superávit de 9,4 milhões de toneladas em 2017/18.

A consultoria vê a produção de açúcar caindo em diversas geografias, como Índia (30,2 milhões de toneladas, ou queda de 6,5 por cento ante a safra anterior), União Europeia (17,1 milhões, ou menos 12,4 por cento) e Tailândia (14 milhões, recuo de 7 por cento).

"A finalização da colheita e do processamento da beterraba na Europa e nos Estados Unidos, bem como o início das atividades nos canaviais de grandes produtores da Ásia, como Índia, Tailândia e Paquistão, reforçaram o contexto de piora nas perspectivas produtivas para o ciclo atual", afirmaram os analistas da INTL FCStone.

© Reuters. Colheita de cana-de-açúcar em Pradópolis, Brasil

"Cabe destacar que o clima adverso, tanto no período de semeadura quanto durante a época de desenvolvimento das culturas sacarinas, foi determinante nas projeções de oferta de açúcar."

(Por José Roberto Gomes)

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