Buenos Aires, 21 ago (EFE).- A Argentina anunciou hoje que, na
próxima semana, lançará uma licitação para trocar dívida pública com
vencimentos no curto prazo por outros papéis com vencimento em 2014.
"Com esta medida, estamos dado um passo a mais no que é o retorno
da Argentina aos mercados financeiros, que entendemos como uma forma
de fortalecer a economia real. Nosso objetivo final é sustentar o
crescimento da Argentina e manter os níveis de emprego", disse o
ministro da Economia, Amado Boudou, em entrevista coletiva.
A operação busca trocar cerca de 9 bilhões de pesos (US$ 2,33
bilhões) em títulos emitidos em moeda local, com vencimento em 2010,
2011 e 2012, e com um rendimento ajustado pela inflação, por títulos
públicos com vencimento em 2014, "que têm muita liquidez no
mercado", disse Boudou.
"Esta troca tem o objetivo de fortalecer a posição financeira da
Argentina do ano que vem em relação à carga que tem a dívida sobre
as contas públicas", disse Boudou.
A Argentina recorreu este ano a diversas ferramentas para
enfrentar seus vencimentos de dívida, como pagar dívidas com
reservas monetárias, pagamentos antecipados com quitações para
aliviar os vencimentos e colocação de dívida em forma direta ao
organismo estatal que administra o sistema de aposentadorias.
Em junho de 2005, a Argentina concretizou com credores privados
uma troca pela qual diminuiu em 65,4% passivos de US$ 102 bilhões em
bônus não pagos, enquanto que em janeiro de 2006 cancelou toda sua
dívida de US$ 9,5 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Boudou disse hoje que a Argentina "mantém contatos permanentes"
com o FMI e afirmou que "não há nenhuma reunião formal programada,
mas seguramente vai haver algum contato informal" com o responsável
desse organismo para o Hemisfério Ocidental, o chileno Nicolás
Eyzaguirre.
O funcionário está visitando Buenos Aires para participar na
próxima quarta-feira do Council of Americas, organizado pela Câmara
de Comércio Argentina.
Boudou disse que nesse fórum levará sua "posição", que é a de
"não aceitar programas de ajuste nem receitas que já demonstraram
folgadamente seu fracasso na Argentina e em outros países do mundo".
A Argentina, que completou em 2008 seis anos com altas taxas de
crescimento de sua economia, mas este sente os efeitos adversos da
crise global, tem por outra parte pendente de reestruturação sua
dívida no valor de US$ 6 bilhões com o Clube de Paris, integrado por
19 nações desenvolvidas. EFE