Por Alexandra Ulmer e Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - A oposição da Venezuela se recusou nesta segunda-feira a reconhecer uma vitória surpreendente dos socialistas do presidente Nicolás Maduro em uma eleição para governadores no fim de semana, o que pode resultar em uma retomada de protestos e em novas sanções internacionais contra a economia do país em grave crise.
O Conselho Nacional Eleitoral, pró-governo, disse que os candidatos aliados a Maduro venceram em 17 Estados, contra seis da oposição, na votação de domingo, que teve mais de 61 por cento de comparecimento.
O ótimo resultado do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) foi inesperado, já que a escassez de alimentos devastadora e a inflação que corrói os salários vêm despertando fúria contra Maduro.
As pesquisas levavam a crer que os opositores obteriam uma maioria com facilidade, e uma delas lhes atribuiu 44,7 por cento das intenções de voto contra 21,1 por cento para o governo.
Líderes oposicionistas desolados denunciaram irregularidades, pediram uma reação nas ruas nesta segunda-feira e exigiram uma auditoria do pleito, mas não apresentaram nenhum indício de fraude de imediato.
"Nem os venezuelanos nem o mundo engolirão esta ficção", disse o chefe da campanha eleitoral da oposição, Gerardo Blyde.
Desanimados com suas chances de afastar Maduro por meio de manifestações ou das urnas, muitos apoiadores da oposição agora esperam que sanções estrangeiras o prejudiquem.
O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já impôs sanções a autoridades da Venezuela, incluindo Maduro, e limitou a capacidade de o país emitir novos títulos da dívida, o que assustou os bancos e complicou as operações da petroleira estatal PDVSA.
A União Europeia também pode adotar medidas contra Maduro, um ex-motorista de ônibus e ministro das Relações Exteriores eleito por uma pequena margem para substituir Hugo Chávez em 2013 após sua morte.
Em casa, porém, ainda não se sabe se os apoiadores da oposição estão dispostos a voltar às ruas depois que quatro meses de protestos exaustivos neste ano não bastaram para forçar Caracas a convocar uma eleição presidencial antecipada, libertar ativistas presos ou aceitar ajuda humanitária.
Ao menos 125 pessoas morreram, e milhares ficaram feridas ou foram presas, em episódios de violência que provocaram paralisações em partes do país.
O resultado da eleição de domingo ainda pode agravar as disputas relativas à estratégia da coalizão opositora permanentemente dividida.