RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os preços médios de gasolina e etanol subiram mais de 3% na primeira semana do ano nos postos brasileiros, enquanto o diesel teve sua primeira alta em oito semanas, apesar de o novo governo ter prorrogado a desoneração de PIS/Cofins para combustíveis, o que gerou uma "confusão" tributária pela forma inesperada da medida, disse um analista.
Segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira pela reguladora ANP, a gasolina comum foi comercializada a 5,12 reais o litro na semana, uma alta de 3,2% ante 4,96 reais na semana anterior. Já o etanol, seu concorrente nas bombas, foi vendido a 4,01 reais o litro, alta de 3,6% ante 3,87 reais na semana anterior.
O diesel S10 (com menor teor de enxofre), por sua vez, registrou média de 6,51 reais o litro, alta de 2% contra 6,38 uma semana antes. Foi a primeira alta do combustível fóssil desde a semana encerrada em 19 de novembro, quando o combustível registrou 6,69 reais o litro.
A ampliação da isenção de cobrança dos tributos federais PIS/Cofins para gasolina, etanol e diesel, entre outros combustíveis, foi feita de forma surpreendente pelo novo governo. A expectativa era do fim da desoneração neste ano, o que pode ter levado agentes a manterem planos de elevar os preços.
"Esse movimento de aumento de preço de gasolina é porque o mercado está muito confuso, uma hora todo mundo espera que o Lula não iria prorrogar o PIS/Cofins, o que significaria aumentar um pouco na bomba, e provavelmente a revenda e a própria distribuidora aproveitariam para subir um pouco a margem dela, na subida de preço iria dizer que o imposto estava voltando", disse o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires.
"Agora o governo recuou, mas a decisão (do mercado) já estava tomada. O mercado precifica antes... toda essa confusão, o mercado na dúvida começa a ir nessa direção de aumentar preço", explicou Pires.
Não houve elevações recentes de preços por parte da Petrobras (BVMF:PETR4), maior produtora de combustíveis do país, que pudessem justificar reajustes nos postos.
Em seu último movimento, a petroleira estatal reduziu preço médio do diesel vendido às distribuidoras em 8,18% e o da gasolina em 6,1% no início de dezembro, após meses de preços congelados.
ETANOL CAI NA USINA
Na usina, contudo, a continuidade da isenção dos tributos federais pode ter pressionado os preços do etanol hidratado, que recuou 2,77% na média do Estado de São Paulo nesta semana, segundo pesquisa do Cepea, após fortes altas desde meados de dezembro.
Analistas afirmaram que a medida que isenta os impostos é baixista para o biocombustível, por pressão de tancagem, entre outros fatores.
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)