RIO DE JANEIRO (Reuters) - A gasolina vendida no Brasil pela Petrobras às distribuidoras de combustíveis está agora mais cara do que a média dos valores realizados no mercado externo, por conta da queda acentuada do petróleo, uma situação que não acontecia há um bom tempo, apontou um relatório do Credit Suisse nesta terça-feira.
Segundo analistas do banco, o preço da gasolina no mercado internacional está 1 por cento mais baixo do que os valores no mercado doméstico brasileiro, invertendo dramaticamente uma situação de defasagem que colabora com prejuízos seguidos à divisão de Abastecimento da Petrobras.
A diferença entre os preços internacionais da gasolina e os domésticos estava em 24,3 por cento em 25 de setembro.
Caso a situação se mantenha, pode trazer um alívio para o governo, cobrado pelo mercado para autorizar reajustes nos combustíveis, para que a Petrobras venda gasolina nos patamares do mercado global.
A inversão na defasagem, segundo a instituição, foi movida principalmente pela redução de 19,2 por cento do preço da gasolina no mercado externo, em um cenário de queda acentuada do preço do barril do petróleo.
No exterior, os preços dos combustíveis flutuam seguindo as cotações do petróleo, diferentemente do Brasil, que são controlados pelo governo, o sócio majoritário da Petrobras.
Também contribuiu para o cenário de redução da defasagem a apreciação de 1,4 por cento do real no período.
De janeiro a setembro deste ano, a defasagem dos preços da gasolina foi de 17,3 por cento, em média, segundo o Credit Suisse.
A anulação da defasagem é positiva, mas o cenário de preços baixos pode prejudicar a empresa, já que a queda do preço do barril do petróleo reduz sua receita de exportações.
O petróleo Brent já recuou cerca de 25 por cento desde junho, quando a agitação no Iraque elevou os preços para cerca de 115 dólares por barril.
Nesta terça-feira, o petróleo Brent fechou a 85,04 dólares, queda de 4,33 por cento, enquanto o petróleo nos Estados Unidos fechou a 81,84 dólares por barril, queda de 4,55 por cento.
(Por Marta Nogueira)