Por Gloria Dickie
LONDRES (Reuters) - Avanços em tecnologias de satélite revelaram que as geleiras do planeta possuem significativamente menos gelo do que se pensava antes, de acordo com um estudo publicado na Nature Geoscience nesta segunda-feira.
A estimativa revisada reduz o aumento do nível global dos oceanos em 7,62 cm caso todas as geleiras sejam derretidas. Mas aumenta a preocupação de algumas comunidades que dependem do derretimento sazonal das geleiras para o aumento no fluxo dos rios e para a irrigação de culturas. Se as geleiras possuem menos gelo do que se pensava, a água pode acabar antes do que era esperado.
Embora partes do gelo derretam naturalmente durante o ano, as temperaturas em alta por conta das mudanças climáticas estão acelerando o recuo glacial. Entre 2000 e 2019, esses rios de gelo perderam cerca de 5,4 trilhões de toneladas.
Alguns países já estão tendo dificuldades com o desaparecimento das geleiras. O Peru está investindo na dessalinização para compensar a baixa disponibilidade de água doce, e o Chile espera criar geleiras artificiais em suas montanhas.
No entanto, "temos um entendimento muito baixo sobre o quanto de gelo está de fato armazenado nas geleiras", afirmou o principal autor do estudo, Romain Millan, pesquisador glaciólogo da Universidade de Grenoble Alpes. Análises anteriores, por exemplo, contaram duas vezes geleiras ao longo de regiões periféricas da Groenlândia e dos lençóis de gelo da Antártica, superestimando o volume de gelo.
O estudo publicado na Nature Geoscience avaliou o quão rápido as geleiras estão se deslocando na paisagem, ou suas velocidades. Tais medidas permitem que cientistas meçam mais precisamente seus volumes, já que o fluxo de água de degelo indica onde o gelo está mais fino ou mais grosso. Mas a coleta de informação tem sido limitada pela tecnologia.
(Reportagem de Gloria Dickie)