SÃO PAULO (Reuters) - A geração distribuída de energia pode atingir até 26 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Brasil em 2023, o que representaria um crescimento de 41,7% frente à potência registrada ao final do ano passado, segundo projeção divulgada nesta quinta-feira pela Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD).
No início de junho, a tecnologia alcançou 21,68 GW de potência, considerando usinas de todas as fontes, como solar e biomassa, o suficiente para atender o consumo de cerca de 20% da população brasileira.
Responsável por impulsionar a fonte solar no Brasil, a modalidade de geração distribuída engloba desde telhados solares em residências até pequenas usinas, de até 5 megawatts (MW), para abastecer o consumo de empresas.
O segmento passou a crescer de forma acelerada no país por uma série de fatores, como benefícios tarifários que acabam sendo subsidiados na conta de luz de outros consumidores.
Segundo a ABGD, a expansão da geração distribuída deve somar investimentos de mais de 38 bilhões de reais ao longo deste ano.
"Estes números só comprovam esta tendência de buscar fontes de energia eficientes e dos consumidores brasileiros se tornarem, ao mesmo tempo, produtores autossuficientes de energia renovável", afirma o presidente da associação, Guilherme Chrispim.
Embora grande parte dos sistemas de geração distribuídos estejam instalados em residências, empresas também podem fazer uso da tecnologia, com seu consumo atendido a partir de usinas dedicadas ou compartilhadas.
Com isso, a geração distribuída vem despontando como uma "concorrente" do mercado livre de energia, ambiente no qual grandes e médias empresas ligadas em alta tensão negociam a contratação de energia diretamente com fornecedores, garantindo economia de preços em relação aos praticados pelas distribuidoras no mercado cativo.
Segundo estudo divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta semana, a geração distribuída deve reduzir o potencial de novos consumidores em alta tensão que poderão migrar ao mercado livre a partir de 2024, quando as exigências técnicas para a adesão serão modificadas.
Das 165 mil unidades consumidoras que estariam aptas a migrar ao "ACL" em 2024, a CCEE calcula que 93 mil já se beneficiariam da micro e minigeração distribuída, reduzindo a viabilidade econômica da mudança. Sobrariam, portanto, 72 mil unidades com potencial para aderir ao segmento livre a partir de janeiro do ano que vem.
(Por Letícia Fucuchima)