SÃO PAULO (Reuters) - A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), terá reunião nesta terça-feira com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, em Brasília, para cobrar uma posição do governo federal após ameaças da Venezuela de cortar o fornecimento de energia ao Estado, que é abastecido com importações de eletricidade do país vizinho cujo pagamento ficou pendente.
Em nota, o governo de Roraima disse que enviou ofícios ao presidente Michel Temer, aos ministérios de Relações Exteriores e Minas e Energia e ao Banco Central, além de Eletrobras (SA:ELET3) e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para ter explicações sobre o cenário de suprimento local, mas sem retornos conclusivos até o momento.
"Somente o Banco Central respondeu, informando que não tinha qualquer participação na resolução dessa questão", apontou o governo de Roraima.
No final de agosto, o Ministério de Minas e Energia disse que a Eletronorte, da Eletrobras, tem enfrentado dificuldade para efetivar pagamentos à venezuelana Corpoelec devido a problemas no sistema bancário do país vizinho, e não por falta de recursos. Na ocasião, a pasta disse que havia acionado o Banco Central para tentar uma solução.
A governadora Suely Campos alega que uma eventual suspensão do fornecimento pela Venezuela geraria "caos social sem precedentes" no Estado, que já tem recebido grande número de imigrantes venezuelanos em meio à crise do país socialista.
"Queremos uma posição do governo federal sobre essa questão, para que nosso governo possa tomar as medidas necessárias", disse, em nota.
O governo de Roraima também informou que tem conduzido estudos sobre alternativas de suprimento de energia, incluindo a possibilidade de instalação de usinas eólicas. O Estado instalou duas torres de medição de ventos no município de Bonfim, onde resultados preliminares indicariam viabilidade técnica para a implementação de projetos de geração.
Segundo o governo local, a possível instalação de usinas eólicas no Estado atrai "interesse de diversas empresas".
Em meio à incerteza sobre o suprimento da Venezuela, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou um aumento em encargos cobrados na conta de luz para custear o acionamento de termelétricas a diesel em Roraima e suprir a demanda local mesmo em um cenário de corte na oferta venezuelana.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia não comentou de imediato. Anteriormente, a pasta defendeu que não há risco de apagão em Roraima, que poderia ser totalmente abastecida com a geração térmica.
ELETROBRAS RORAIMA
A governadora também disse que vai cobrar na reunião com o ministro Moreira Franco um ressarcimento pelo patrimônio da distribuidora de energia estadual Companhia Energética de Roraima (CERR), que foi incorporada por uma unidade local da Eletrobras, a Boa Vista Energia, que acaba de ser privatizada.
Após leilão na bolsa paulista B3 no final de agosto, um consórcio liderado pela Oliveira Energia arrematou a concessão da Boa Vista Energia em troca de um pagamento simbólico de cerca de 50 mil à Eletrobras e compromissos de investimento na elétrica.
"O patrimônio da empresa (CERR) foi avaliado em 297 milhões de reais, valor que ainda não foi pago pelo governo federal nem pela empresa que comprou a Eletrobras (Boa Vista) no leilão", apontou o governo de Roraima em nota, ressaltando que cobrará "indenização imediata".
(Por Luciano Costa)