Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - O governo pretende definir preços-teto "os mais realistas possíveis" para leilões de contratação de novas usinas de energia com o objetivo de atrair investidores e garantir a financiabilidade dos projetos, afirmou à Reuters o presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Luiz Barroso, que assumiu o cargo no último mês.
Para Barroso, que tem forte interação com o setor privado devido à sua atuação prévia como diretor da consultoria PSR, especializada em energia, o maior desafio para a expansão da oferta de energia do Brasil será a financiabilidade, o que está ligado às condições oferecidas nos leilões.
"Os preços precisam ser realistas e fornecendo o sinal econômico correto. Só com base nestes princípios que podemos ter o desenvolvimento de mercados sustentáveis, caso contrário, criaremos mercados 'falsos' com base em subsídios, e dessa forma, insustentáveis", afirmou Barroso, em entrevista por e-mail.
Segundo ele, a EPE, órgão de planejamento do Ministério de Minas e Energia, trabalhará em conjunto com a pasta no planejamento e construção das licitações.
"Isto inclui a reavaliação contínua das condições do certame, para verificar se os riscos e as condições de mercado estão refletidos nos preços-teto", comentou.
O novo presidente disse que a EPE terá ainda "um papel aperfeiçoativo no ambiente de negócios da indústria energética", o que poderá envolver no futuro a realização de eventos sistemáticos junto ao mercado financeiro e a investidores.
"Teremos uma forte ação da EPE, em conjunto com o ministério, para aumentar a comunicação, explicar o porquê de medidas e propostas e conversar com o mercado", afirmou.
Barroso também garantiu que o governo não abandonará a ideia de investir em grandes hidrelétricas, mesmo após o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, ter dito nesta terça-feira que a mega usina de São Luiz do Tapajós, prevista para o Pará, ficará fora dos planos por enquanto.
"Lutaremos pelas hidrelétricas, dentro de um marco de desenvolvimento sustentável socioambiental e buscando reservatórios sempre que possível, com uma análise de seus custos e benefícios", afirmou.
Ele disse, no entanto, que essa discussão será levada à sociedade e o órgão buscará ser pragmático nesse diálogo.
"Se não pudermos contar com as hidrelétricas, iremos buscar as alternativas, que terão custos diferentes e estes serão explicitados para a sociedade", disse.