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Brasil debate retomada de Angra 3, com custo estimado em mais R$20 bi

Publicado 03.05.2023, 10:44
Atualizado 03.05.2023, 12:51
© Reuters. Visão geral de usina em Angra
1/08/2019.
REUTERS/Lucas Landau

SÃO PAULO (Reuters) - O governo brasileiro ainda está debatendo a possibilidade de concluir a usina nuclear Angra 3, obra que teria um custo adicional de 20 bilhões de reais e iniciaria operações até 2029, disse nesta quarta-feira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Em apresentação na Câmara dos Deputados, Silveira afirmou que uma das preocupações do governo é equilibrar a segurança energética trazida pela fonte, que tem geração inflexível (contínua), com a modicidade tarifária.

Segundo o ministro, conforme modelagem feita pelo BNDES para a conclusão do empreendimento, a tarifa média de energia da usina ficaria em torno de 700 reais por megawatt-hora (MWh).

Essa tarifa seria praticamente o dobro dos atuais 350 reais/MWh de Angra 1 e 2, segundo informações da apresentação do Ministério de Minas e Energia.

"Não estou dizendo que isso (a tarifa) viabiliza ou inviabiliza a decisão de concluir a obra de Angra 3, nós todos reconhecemos a importância dessa obra para o Rio de Janeiro", afirmou Silveira.

Projetada com 1,4 gigawatt (GW) de potência, Angra 3 teve suas obras iniciadas na década de 1980, mas ao longo dos anos elas foram paralisadas e reiniciadas algumas vezes. Atualmente, o progresso físico total do empreendimento é de 65%.

Nos últimos anos, a Eletronuclear, responsável pelo projeto, avançou com o chamado "Plano de Aceleração da Linha Crítica" da Angra 3, tendo contratado empresas de engenharia para avançar com obras civis e outras atividades antes de fechar a contratação de uma "EPCista" para concluir a usina.

Cerca de 7,8 bilhões de reais já foram aportados em Angra 3, e o custo estimado para abandonar completamente as obras é de cerca de 13,6 bilhões de reais, informou o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas Energia, Gentil Nogueira de Sá Junior, durante a apresentação a parlamentares.

RETROFIT DE ANGRA I

Nogueira afirmou que o governo está discutindo um "retrofit" de Angra I, que está completando 40 anos em atividade.

"Angra I tem que passar por um processo de retrofit significativo a partir de 2023 e 2024 para dar sobrevida de operação por mais de 20 anos, isso está em discussão", disse.

© Reuters. Visão geral de usina em Angra
1/08/2019.
REUTERS/Lucas Landau

O secretário apontou ainda que o Brasil ficou "paralisado" na produção de urânio, necessário para o combustível nuclear, e está atualmente importando todo o combustível necessário para abastecer as atividades das usinas Angra I e 2.

"Ficamos paralisados na produção de urânio entre 2016 e 2020, foi retomada a partir de 2021, mas em quantidade insuficiente ainda, cerca de um décimo da necessidade para operação de Angra 1 e 2. E acrescentar Angra 3 quase que dobraria a necessidade nossa de urânio", explicou.

(Por Letícia Fucuchima)

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