SÃO PAULO (Reuters) - O governo federal vai exigir que a Petrobras (BVMF:PETR4) cumpra sua função estatal e crie um colchão de amortecimento para os preços de combustíveis, afirmou nesta quarta-feira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à GloboNews.
"A Petrobras vai continuar sendo respeitada na sua governança, vai continuar sendo respeitada na sua natureza jurídica. Mas nós vamos exigir da Petrobras, como controladores da Petrobras, que ela respeite o povo brasileiro. Que ela cumpra o que está nas Lei das Estatais e na Constituição Federal, sua função estatal, que é criar um colchão de amortecimento nessas crises internacionais de preço dos combustíveis", disse na entrevista ao programa Conexão GloboNews, segundo reportagem publicada no site G1.
Na entrevista, o ministro também voltou a criticar a atual política de preços da companhia, que segue a paridade de preço de importação (PPI), considerando indicadores como valores do barril do petróleo internacional, dólar e custos para trazer o produto.
"O tal PPI (Preço por Paridade de Importação) é um verdadeiro absurdo. Nós temos que ter o que eu tenho chamado de PCI, Preço de Competitividade Interno", disse na entrevista ao programa Conexão GloboNews, segundo reportagem publicada no site G1.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, que tomou posse em janeiro após ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já afirmou diversas vezes que deixará de seguir o indicador de paridade de importação, mas sem se desconectar dos preços internacionais.
O Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo e, por isso, depende de importação para atender a demanda interna.
Silveira afirmou ainda que a Petrobras já tem orientação para alterar as diretrizes, e a previsão é que as mudanças comecem a ser aplicadas após a assembleia geral da estatal, marcada para o fim deste mês, que é quando o conselho da empresa deverá ser renovado, com representantes do novo governo.
"A partir daí, o equilíbrio entre o conselho e a diretoria vai visar buscar a implementação dessa nova política de preço", afirmou Silveira.
Segundo a reportagem, ele afirmou que a medida deve provocar redução entre 0,22 e 0,25 real no preço do diesel, mas não detalhou.
A Petrobras e o Ministério de Minas e Energia não responderam imediatamente a pedidos de comentários.
Em governos anteriores do PT, a empresa amargou prejuízos bilionários praticando preços internos inferiores aos internacionais, em momentos de fortes importações.
Em 2016, a empresa passou a seguir o PPI como forma de evitar prejuízos e também abrir espaço para novas empresas atuarem na importação de combustíveis ao país.