Por Luciana Otoni
BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro mantém a decisão de reajustar o preço da gasolina ainda este ano, mesmo diante do fim da defasagem entre os preços praticados no exterior e no mercado local, disse à Reuters uma fonte governamental com conhecimento sobre o tema.
A decisão se baseia, entre outros aspectos, na necessidade de melhorar o caixa da Petrobras, que vinha sofrendo com a venda do combustível no mercado doméstico por um preço inferior ao do mercado externo.
"Está mantida a decisão de que seja cumprida a regra anual de reajuste da gasolina", disse a fonte que pediu para não ser identificada.
A gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras de combustíveis está agora mais cara do que a média dos valores em prática no mercado externo, devido à queda acentuada do preço do petróleo, mostrou um relatório do Credit Suisse divulgado na terça-feira.
Conforme analistas do banco, o preço da gasolina no mercado internacional está 1 por cento mais baixo do que os valores no mercado doméstico brasileiro. Em 25 de setembro, os preços internacionais da gasolina estavam 24,3 por cento acima dos preços no mercado doméstico.
De acordo com a fonte, a cotação internacional do petróleo não é o único critério avaliado para se decidir sobre o reajuste de combustíveis.
"A Petrobras carregou a defasagem dos preços durante um período e isso tem que ser considerado", disse.
De janeiro a setembro deste ano, a defasagem dos preços da gasolina foi de 17,3 por cento, em média, segundo o Credit Suisse.
O governo vinha sendo cobrado pelo mercado para reajustar os preços dos combustíveis, por conta dos seguidos prejuízos da divisão de Abastecimento da Petrobras.
O reajuste do preço da gasolina deve pressionar ainda mais a inflação, que está rodando acima do teto da meta da inflação em 12 meses.
Ainda de acordo com a fonte, há também a estratégia de manter a política de reajuste anual a fim de evitar movimentos bruscos nos valores internos, tanto em períodos de alta do barril do petróleo no mercado externo quanto em períodos de baixa da cotação.
A inversão na defasagem do preço interno da gasolina, segundo o relatório do Credit Suisse, foi motivada principalmente pela redução de 19,2 por cento do preço do combustível no mercado externo, de 25 de setembro até 3 de outubro, em um cenário de queda progressiva da cotação do barril do petróleo. Também contribuiu a apreciação de 1,4 por cento do real frente o dólar no período.
O preço da gasolina foi reajustado pela última vez no Brasil em novembro do ano passado, quando a Petrobras anunciou aumento médio de 4 por cento da gasolina e de 8 por cento no diesel nas refinarias. Na época, especialistas calcularam que a alta da gasolina ao consumidor seria de cerca de 3 por cento.