A imposição de cotas ao aço brasileiro pelos Estados Unidos ainda não afetou as exportações brasileiras, afirmou hoje (3) o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima. Segundo ele, é necessário um acompanhamento de médio e longo prazos para verificar os efeitos das restrições comerciais norte-americanas. Ele disse, no entanto, que as análises preliminares não verificaram impacto sobre as vendas do metal.
“Temos de observar mais adiante como as exportações de aço vão se comportar. Até agora, conseguimos manter a média de exportações de aço para os Estados Unidos. O Brasil tem uma quota reduzida para o produto [aço] acabado, que está sendo acomodada internamente. Entretanto temos que observar como os embarques vão se comportar até dezembro”, declarou Lima.
Em junho, o Brasil exportou US$ 622 milhões de semimanufaturados de ferro e de aço, quase o dobro dos US$ 312 milhões vendidos no mesmo mês do ano passado. As exportações de tubos flexíveis de ferro e de aço somaram US$ 161 milhões, contra US$ 156 milhões em junho de 2017.
Para fugir da sobretaxação de 25% para o aço, o Brasil negociou com os Estados Unidos quotas máximas calculadas com base na média do volume exportado de 2015 a 2017. O limite de exportação de aço semiacabado (como blocos e placas), usados como insumo por siderúrgicas norte-americanas, equivalerá a 100% dessa média. Para os produtos acabados (aços longos, planos, inoxidáveis e tubos), a quota corresponderá a 70% desse montante.
Os limites entraram em vigor em 1º de junho. O Brasil não conseguiu negociar quotas de exportações para o alumínio, que passou a ser sobretaxado em 10%.
De acordo com o ministro, no primeiro mês de vigência das barreiras comerciais norte-americanas, não foi observada entrada acima da média de aço laminado da Rússia e da China no Brasil. De acordo com o ministro, isso é sinal de que, até agora, a produção de aço que deixou de entrar nos Estados Unidos ainda não foi desviada para o mercado brasileiro.
“Suspendemos as tarifas antidumping [punição para países que vendem abaixo do custo de produção] para esses produtos [da Rússia e da China]. A suspensão veio acompanhada do monitoramento das importações desses produtos [pelo Brasil], mas, até agora, não observamos crescimento das compras”, explicou Lima.
Carne
No primeiro semestre, as exportações cresceram 5,7% em relação aos seis primeiros meses do ano passado. O Brasil registrou recorde nos embarques de minério de ferro, soja em grão, farelo de soja e celulose, mas o desempenho não se repetiu com as carnes, afetadas por diversos embargos sanitários e comerciais.
De janeiro a junho, as vendas de carne suína caíram 32,9% em valor e 19,1% em volume. Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Abrão Neto, a maior parte da queda deve-se ao embargo da Rússia, em vigor desde novembro do ano passado. As exportações de frango in natura recuaram 17,4% em valor e 10,8% em volume, motivadas principalmente pelos embargos da União Europeia, da Arábia Saudita e pela tarifa antidumping imposta pela China. Somente as carnes bovinas registraram crescimento nas exportações neste ano: alta de 3% em valor e de 7,1% em volume.