Por Anna Flávia Rochas
SÃO PAULO (Reuters) - As chuvas que deverão chegar aos reservatórios das hidrelétricas do país em outubro ficarão abaixo da média para o período, com exceção da região Sul, onde espera-se chuvas acima da média histórica, segundo estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgadas nesta sexta-feira.
No Sudeste/Centro-Oeste, que concentra algumas das principais hidrelétricas do país, a expectativa é de que as chuvas sejam equivalentes a 89 por cento da média histórica em outubro. Diante disso, o nível dos reservatórios das usinas dessa região deverá chegar ao fim de outubro em cerca de 21,8 por cento de armazenamento de água, ante 25,81 por cento atualmente.
O mês de outubro é o primeiro mês em que as chuvas costumam começar a aumentar após a estação seca. Depois de um período chuvoso atipicamente seco de 2013 para 2014, as atenções do setor elétrico estão voltadas para o comportamento das chuvas a partir do mês que vem, que serão determinantes para definir como será o abastecimento de eletricidade do país em 2015 e como se comportará o preço de energia.
O atual nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste é o menor para o período desde 2001, ano do racionamento de energia, quando o patamar registrado foi de 20,61 por cento.
O Norte, deverá ver uma queda no nível de suas represas de 45,54 para 34,7 por cento ao fim de outubro. As represas do Nordeste devem chegar a 16,1 por cento, ante 22,88 por cento atualmente.
Apenas as hidrelétricas do Sul verão aumento no nível das suas represas, de atuais 65,86 por cento para 89,9 por cento.
Segundo o ONS, previsões de institutos de meteorologia mostram "totais de chuva entre normais a acima da média na região Sul do Brasil, considerando o trimestre outubro-novembro-dezembro de 2014".
O presidente da Bolt Comercializadora, Erico Evaristo, acredita que a queda nos reservatórios de hidrelétricas no Sudeste continue até o final de novembro, com início da recuperação em dezembro. Ele também não vê um aumento do nível das represas a ponto de serem recuperadas e chegarem em cerca de 60 por cento até o fim do período chuvoso, em março do ano que vem.
"Não tem nenhum modelo de chuva indicando uma recuperação dessa magnitude. Nós vamos iniciar um período seco ano que vem com reservatórios muito baixos. Não podemos descartar o risco de racionamento", disse.
O ONS ainda estima para outubro um aumento de 1,2 por cento no consumo de carga de energia ante ao registrado no mesmo mês de 2013.
PRÓXIMA SEMANA
Para a próxima semana, a previsão é de chuva fraca à moderada nas bacias dos rios Uruguai, Jacuí, Iguaçu, Paranapanema e no trecho incremental da bacia do rio Paraná, e chuva fraca nas bacias dos rios Tietê, Grande, Paraíba do Sul e Paranaíba.
A estimativa é de 16.352 megawatts médios de geração de energia termelétrica acionada na semana que vem, em linha com o previsto para esta semana.
A geração da hidrelétrica Itaipu em 60 hertz ficará reduzida ao longo da semana que vem, como medida de segurança. Isso ocorre depois que fortes vendavais no Oeste do Paraná derrubaram na quarta-feira quatro torres do terceiro circuito da linha de transmissão em 765 kV Foz do Iguaçu – Ivaiporã, de propriedade de Furnas, do grupo Eletrobras. A redução vale até o reparo da linha afetada, o que foi estimado ocorrer em até 10 dias a partir da quarta passada.
Previsões de vazões melhores para a semana que vem ajudaram a reduzir o valor de energia de curto prazo dado Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) em mais de 8 por cento na comparação com a semana atual. O PLD foi para 690,65 reais por megawatt-hora (MWh), na carga pesada, para 682,21 reais, na carga média, e para 650,71 reais na carga leve.
Evaristo, da Bolt Comercializadora, estima que o PLD continuará alto em outubro, entre 650 e 700 reais por megawatt-hora.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)