Por Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, ganha novo ânimo a cada pesquisa desde a semana passada quando passou a recuperar terreno em relação à candidata do PSB, Marina Silva, segunda colocada nas pesquisas eleitorais, mas caso não consiga ultrapassá-la e chegar ao segundo turno, seu partido estará dividido sobre um eventual acordo com a ex-senadora.
Há na cúpula do partido aqueles que veem vantagens num acordo formal com Marina, inclusive com compromisso de integrar um futuro governo, e outros que ainda guardam mágoas da postura de Marina na eleição de 2010, quando se negou a apoiar o então candidato tucano à Presidência José Serra, disse à Reuters uma fonte da campanha do PSDB nesta segunda-feira.
O argumento daqueles que defendem um acordo formal com o PSB, incluindo a participação no governo, é que na eleição de 2018 o PSDB poderia se tornar um herdeiro natural para indicar um sucessor, contou a fonte sob condição de anonimato. Marina tem dito que não buscará a reeleição, caso vença em outubro.
Os tucanos que defendem o apoio lembram que algo semelhante ocorreu no governo Itamar Franco, que assumiu a Presidência depois do impeachment de Fernando Collor de Mello. Os tucanos apoiaram Itamar e depois lançaram com seu apoio Fernando Henrique Cardoso, colocando os tucanos oito anos na Presidência da República.
Já os que são contra o acordo com Marina lembram magoados da sua posição no segundo turno em 2010, quando não apoiou Serra contra a hoje presidente Dilma Rousseff (PT), o que teria sido, na avaliação dos tucanos, fundamental para uma eventual vitória.
Talvez mais importante, essa ala também aposta que o governo de Marina será um fracasso e o PSDB não deveria se associar ao PSB, porque correria o risco de ser visto como parte de um governo mal avaliado.
A fonte disse que Aécio não analisa esse cenário e está completamente focado na reta final da campanha e acredita que irá para o segundo turno.
Mas há, segundo essa fonte, um argumento que pode fazer o partido vencer as divisões para apoiar Marina: a chance histórica de tirar o PT do poder. Isso convenceria inclusive Aécio a apoiar Marina, apesar de ele já ter dito que o PSDB irá para a oposição caso a candidata do PSB se torne presidente.
AMBIENTE OTIMISTA
O ambiente na campanha tucana nos últimos dias voltou a ser de otimismo com a queda contínua de Marina nas pesquisas, depois de passar por períodos de grande desânimo após a morte do ex-candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos, num acidente aéreo em agosto.
A entrada de Marina na disputa fez as intenções de voto de Aécio nas pesquisas despencarem de 22-23 por cento para 14-15 por cento. Agora, na reta final e após a candidata do PSB cair nas pesquisas depois da forte campanha negativa de Aécio e de Dilma, que concorre à reeleição pelo PT, os tucanos veem a possibilidade de virar o jogo.
Uma nova pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e feita pelo instituto MDA mostrou nova variação negativa de Marina e positiva de Aécio e Dilma.
Pelos dados do levantamento, Dilma teria 40,4 por cento das intenções de voto, contra 25,2 por cento de Marina e 19,8 por cento de Aécio.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro)