SÃO PAULO (Reuters) - As compras externas de fertilizantes pelo Brasil devem alcançar 7,3 bilhões de dólares no segundo trimestre, uma disparada de 193% em relação ao mesmo período do ano passado, estimou nesta sexta-feira a consultoria MacroSector, em momento de escassez global do insumo devido à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Com os produtores em busca de garantir os adubos que serão utilizadas na próxima safra, cujo plantio de grãos se inicia em setembro, a expectativa da consultoria é que a importação do insumo à base de potássio tenha o maior avanço (247%), para 2,08 bilhões de dólares.
As aquisições de nitrogenados devem crescer 204% no comparativo anual, para 2,24 bilhões de dólares, enquanto os fosfatados têm um incremento estimado em 181%, para 424 milhões de dólares.
A MacroSector ainda vê alta de 155% nas importações de fertilizantes "mistos" das três matérias-primas (NPK), a 2,56 bilhões de dólares, no intervalo de abril a junho ante igual período de 2021.
Até no segmento de orgânicos a perspectiva é positiva, com avanço projetado em 69% para o segundo trimestre, a 10 milhões de dólares, conforme o levantamento.
A consultoria não forneceu mais detalhes sobre as projeções.
A escassez global de fertilizantes ocorre diante das sanções do Ocidente contra a Rússia e seu aliado Belarus, dois dos principais fornecedores globais de adubos, devido ao conflito com a Ucrânia.
No entanto, o Brasil, que importa cerca de 85% de seu consumo de fertilizantes, acelerou o fechamento de negócios nos últimos meses.
Dados do governo federal divulgados nesta semana indicam que, no acumulado mensal até 18 de abril, os importadores brasileiros adquiriram 2,08 milhões de toneladas de fertilizantes químicos, já superando o total de 1,88 milhão registrado em abril do ano passado.
No segmento de fertilizantes brutos, as compras externas do acumulado de abril também ultrapassaram em 20% o volume importado no quarto mês de 2021.
Levantamento preliminar de embarque da Agrinvest Commodities mostra que pedidos feitos à Rússia, de fato, estão sendo atendidos neste mês e que navios foram direcionados ao Brasil, potencialmente permitindo uma temporada normal de plantio de grãos.
(Por Nayara Figueiredo; Edição de Pedro Fonseca)