SÃO PAULO (Reuters) - As importações de trigo pelo Brasil, um dos maiores importadores globais do cereal, atingiram no acumulado dos oito primeiros meses do ano-safra 2016/17 o maior nível em 21 anos, com moinhos brasileiros obtendo o produto a preços competitivos no exterior em meio a uma grande oferta nos países vizinhos do Mercosul, observou nesta quinta-feira o Cepea.
Entre agosto de 2016 e março de 2017, as importações brasileiras de trigo somaram 5,16 milhões de toneladas, crescimento de 46 por cento ante o mesmo período da safra anterior, com média mensal de 645,09 mil toneladas, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), citando dados do governo.
As importações elevadas, que devem superar as previsões oficiais de 5,95 milhões de toneladas para todo o ano-safra, ocorrem apesar de safra recorde de trigo no Brasil, o que também tem colaborado para pressionar os preços do produto no país.
Isso deverá afetar negativamente a intenção de plantio da nova temporada, que está próximo de começar, acrescentou o centro de estudos da USP.
"Em 2017, a área com trigo deve se reduzir, justamente devido à baixa liquidez que prevalece na comercialização e também ao fato de que os preços de venda não cobrem nem mesmo os custos operacionais agrícolas --e muito menos os custos fixos", de acordo com estudos do Cepea.
Segundo o Cepea, no Paraná, principal Estado produtor do cereal, o valor médio do trigo na parcial desta safra (de agosto de 2016 a março de 2017) está em 589,16 reais/tonelada no mercado de balcão (preço pago ao produtor), baixa de 13 por cento ante o mesmo período da temporada anterior, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI).
(Por Roberto Samora)