Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As importações de diesel pelo Brasil caíram 42 por cento desde o início do programa de subsídio ao combustível, em junho, até o mês passado, ante igual período do ano anterior, mostraram dados oficiais do governo, em meio a uma série de problemas na implementação da subvenção, como demora no pagamento.
A queda das compras externas ilustra afirmações feitas por importadores, que disseram estar reduzindo suas atividades devido ao programa do governo, criado como uma resposta ao clamor dos caminhoneiros, em uma histórica greve em maio contra os altos preços do diesel.
A redução nas compras externas de diesel também mostra como a Petrobras (SA:PETR4) está sendo chamada a participar mais do mercado, seja com produção própria ou importações.
Em junho, julho e agosto, as importações do diesel --combustível mais consumido do Brasil-- somaram aproximadamente 2,17 milhões de metros cúbicos, ante cerca de 3,75 milhões no nos mesmos três meses do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Em agosto, as importações do combustível caíram também 41 por cento ante o mesmo mês de 2017, para 754.773 metros cúbicos.
Com o programa, a Petrobras e outras refinarias brasileiras e importadores do diesel que aderiram ao plano reduziram os preços do combustível aos distribuidores, com a promessa de serem ressarcidos em até 30 centavos de reais por litro, dependendo de condições do mercado.
No entanto, os importadores vem apontando que o cálculo para o pagamento da subvenção não recompensa adequadamente as empresas, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Além disso, grande parte dos pagamentos de subsídios devidos até agora pelo governo está atrasada, inclusive grandes montantes aguardados pela própria Petrobras.
Neste cenário, a Petrobras está aumentando a produção em suas refinarias e respondendo por mais de 90 por cento das importações, segundo executivos informaram em entrevistas recentes.
Os volumes de importação contrastam com 2017, quando eles atingiram o maior nível desde pelo menos 2000, segundo uma série histórica da ANP.
(Por Marta Nogueira)