LONDRES (Reuters) - As sanções dos Estados Unidos contra o Irã terão "consequências graves" para a ordem global, disse a República Islâmica nesta terça-feira, dias antes de novas restrições às exportações de petróleo de Teerã entrarem em vigor.
Washington retomou as sanções contra os setores iranianos de comércio de moedas, metais e automóveis em agosto, depois de se retirar de um acordo multinacional de 2015 que suspendeu sanções em troca de limites ao programa nuclear do Irã.
Uma nova leva de sanções contra os setores bancário e energético do Irã deve entrar em vigor em 5 de novembro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, quer reduzir a venda de petróleo da República Islâmica a zero.
"Infelizmente um país que viola a lei (EUA) tenta punir um país que respeita a lei (Irã)... este método terá consequências graves para a ordem global", disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif, durante uma visita a Istambul, segundo a agência estatal de notícias Irna.
Mas, acrescentou Zarif, "os americanos não atingiram seus objetivos impondo sanções ilegais contra o Irã".
Teerã diz estar cumprindo à risca o acordo nuclear, e seu comprometimento vem sendo confirmado reiteradamente pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), organismo regulador da Organização das Nações Unidas (ONU).
Trump se queixou de que o pacto, aprovado por seu antecessor Barack Obama, não contempla os mísseis balísticos do Irã, seu papel em guerras regionais ou o que acontece quando o acordo expirar em 2025.
"A comunidade internacional confrontou as sanções dos EUA", afirmou Zarif depois de uma reunião trilateral entre os chanceleres de Irã, Turquia e Azerbaijão.
"Os países vizinhos e nações europeias resistiram às medidas unilaterais de Washington".
Os signatários europeus do acordo nuclear ainda estão comprometidos com ele e em breve lançarão um mecanismo, o chamado veículo de propósito especial (SPV), com a meta de contornar o sistema financeiro norte-americano usando um intermediário da União Europeia para tratar do comércio com Irã.
O porta-voz da chancelaria iraniana, Bahram Qasemi, também acusou Washington de iniciar uma "guerra psicológica" contra Teerã ao impor "sanções impiedosas e hostis" para prejudicar a economia iraniana.