SÃO PAULO (Reuters) - O leilão realizado pelo governo federal nesta sexta-feira para estimular o escoamento da produção de trigo e sustentar os preços no Sul do país teve baixo interesse por empresas compradoras, mostraram dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Foram oferecidos prêmios para subvencionar a aquisição de 107,5 mil toneladas do cereal por empresas como moinhos, fábricas de ração animal e exportadores, por meio de mecanismo conhecido como PEP. Do total de contratos, 34,22 por cento foram negociados, sem nenhum ágio, o que indica que não houve disputa durante o pregão.
"Isso ocorreu porque (o prêmio oferecido) não cobria os custos de remessa ao porto, por exemplo... Então, não interessou a todos. Outros não entraram por excesso de burocracia ou exigências de documentação", comentou o diretor da consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Pacheco.
Ao mesmo tempo, a Conab ofereceu subvenção para outras 107,5 mil toneladas de trigo, mas por meio do Pepro, no qual os produtores rurais recebem o prêmio para compensar a diferença entre os baixos preços de mercado e o valor mínimo garantido pelo governo federal.
Nesses contratos, a negociação chegou a 86,12 por cento. No Paraná, principal Estado produtor, a totalidade dos contratos foi arrematada. No Rio Grande do Sul, a negociação alcançou 84,5 por cento, mas houve disputa entre interessados, o que reduziu o valor da subvenção em 40 por cento.
"Imagino que teve poucos (participantes), por isso não teve disputa, exceto nos lotes de Pepro do Rio Grande do Sul... Algumas cooperativas do Rio Grande do Sul reclamaram que (os prêmios do leilão) não cobriam os custos", completou Pacheco.
Os leilões desta sexta-feira foram os primeiros de uma série que o governo federal planeja realizar para dar sustentação aos baixos preços do cereal, em meio a uma safra recorde no Brasil e ampla oferta internacional.
Ao todo, o governo federal autorizou a Conab a gastar 150 milhões de reais com subvenções ao trigo, o que poderá oferecer apoio aos preços de até 1,7 milhão de toneladas.
"Novos leilões de mais 285 mil toneladas do produto estão previstos para o próximo dia 9", disse o Ministério da Agricultura, em nota. Uma terceira rodada está prevista para 16 de dezembro.
(Por Gustavo Bonato)