Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - As restrições impostas por alguns países da União Europeia em suas fronteiras com outros Estados membros do bloco em resposta à pandemia de coronavírus estão afetando as ofertas de alimentos na região, disseram nesta quinta-feira representantes da indústria e agricultores.
No combate à disseminação da doença, mais de uma dúzia de países da UE já aplicaram restrições ou fecharam fronteiras que costumam ser abertas e sem controles.
Por causa dessas medidas, "atrasos e interrupções nas fronteiras dos países têm sido observados para a entrega de certos produtos agrícolas e manufaturados, bem como materiais de embalagem", disse um comunicado assinado por associações comerciais que representam agricultores, comercializadoras de alimentos e a indústria de comidas e bebidas da UE.
Na nota, elas também alertaram para uma possível escassez de mão de obra no setor alimentício, que depende da movimentação de trabalhadores ao redor do bloco.
Tentando evitar a falta de produtos essenciais, como alimentos e medicamentos, líderes da UE aprovaram na terça-feira uma proposta da Comissão Europeia, o Poder Executivo do bloco, para o estabelecimento de canais rápidos nas fronteiras, mas não concordaram em manter tais fronteiras abertas.
A indústria disse que a medida é bem-vinda, mas insuficiente, e pediu que os países e instituições da UE preparem planos de contingência para potenciais faltas de trabalhadores.
"Dado que a cadeia de oferta agrícola e de alimentos é altamente integrada e opera através das fronteiras, quaisquer bloqueios de oferta e trabalhadores vão inevitalvemente interromper negócios. Nossa capacidade de fornecer alimentos para todos dependerá da preservação do Mercado Único Europeu", afirmou o comunicado.
Um porta-voz da Comissão Europeia afirmou que o Poder continuará tentando garantir o estabelecimento e o funcionamento das linhas rápidas, além de atenuar "qualquer problema que surja com relação à distribuição e trânsito de produtos".