RIO DE JANEIRO (Reuters) - O mercado de trabalho brasileiro tem um bom momento, apesar da onda de demissões em obras contratadas pela Petrobras, em diversos Estados, disse nesta segunda-feira a jornalistas o ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias.
O ministro ponderou que a Petrobras está reduzindo investimentos, diante de um escândalo de corrupção que paralisa construções, mas defendeu que a empresa vai superar as dificuldades e retomar a maioria das obras. Além disso, destacou que outros setores vão manter aportes.
"A maioria dessas obras será retomadas. Na Petrobras, haverá uma redução dos investimentos, mas nós temos outros setores", destacou o ministro, que esteve no Rio de Janeiro para tratar de assuntos referentes às demissões no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Segundo o ministro, setores da infraestrutura, como portos, aeroportos e rodovias, vão demandar investimentos importantes, compensando queda no emprego em algumas áreas por conta dos problemas na Petrobras.
Entretanto, o ministro não apresentou medidas práticas para que as dificuldades sejam superadas. Além disso, fontes de diversos de diversos segmentos têm apresentado uma opinião contrária a apresentada por Dias.
Nesta segunda, a agência de classificação de risco Moody's disse que os problemas da Petrobras devem afetar de forma negativa a cadeia de produção de óleo e gás no Brasil, os setores de construção e infraestrutura, assim como o mercado imobiliário no Rio de Janeiro.
A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) afirmou na semana passada que a crise na Petrobras provocou até agora a demissão de ao menos 16,8 mil apenas na indústria naval.
As demissões têm provocado protestos em diversas obras, como no Comperj e na Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco. Ambas as refinarias estão com seu cronograma em reavaliação.
"Nós temos a convicção que superado esse processo de dificuldades, a gente consiga retomar", disse Dias.
"Ela (a Petrobras) está agora com a nova gestão tentando organizar a empresa e, com certeza, vai avançar. A Petrobras é muito maior que isso tudo aí."
Recentemente, a Braskem desistiu do projeto petroquímico do Comperj.
DEMISSÕES NO COMPERJ
Dias se reuniu nesta segunda com representantes da Petrobras, da fornecedora Alumini, do Ministério Público do Trabalho, além do Tribunal Regional do Trabalho do Rio, para discutir a situação de trabalhadores do Comperj.
A Alumini, contratada pela Petrobras para atuar na construção do Comperj, está em recuperação judicial e alega que tem ainda a receber 14 milhões de reais da estatal. No entanto, a petroleira ainda não realizou o pagamento.
A Alumini defende que o montante será utilizado para pagar os funcionários. Cerca de 2.500 empregados, ainda contratados pela Alumini, estão sem receber salários desde o ano passado.
O ministro prometeu que irá agir para que o impasse seja solucionado, mas afirmou que não pode interferir na relação entre as duas companhias. Ficou decidido que a Petrobras vai avaliar o pagamento e, se for devido, será pago.
(Por Marta Nogueira)