Por Arshad Mohammed
BERLIM (Reuters) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, expressou nesta quinta-feira a esperança cautelosa de que pode haver uma maneira de refrear a violência recente entre israelenses e palestinos, que já matou quase 60 pessoas este mês.
Falando aos repórteres depois de cerca de quatro horas de conversas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Kerry disse acreditar que há medidas que podem reduzir a violência e que elas precisam ser discutidas com autoridades jordanianas e palestinas.
"Eu caracterizaria a conversa dizendo que ela me deu uma dose de otimismo cauteloso de que pode haver... uma maneira de desarmar a situação e começar a encontrar um caminho adiante", afirmou Kerry aos jornalistas depois de se encontrar com Netanyahu em um hotel de Berlim.
"Se as partes quiserem tentar, e acredito que querem, rumar para uma desescalada, há um conjunto de escolhas que estão disponíveis", disse ele em uma coletiva de imprensa conjunta com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, sem dar detalhes.
Steinmeier disse que tanto ele quanto Kerry "estão apelando aos dois lados, os palestinos e os israelenses, para que façam tudo para desescalar este conflito".
Nove israelenses foram mortos por palestinos com facadas, tiros e ataques com veículos desde o início de outubro. Quarenta e nove palestinos, incluindo 25 agressores, entre eles crianças, morreram em ataques e durante protestos anti-Israel.
Entre as causas dos tumultos está a revolta dos palestinos com o que veem como uma presença cada vez mais impositiva dos judeus no complexo de Al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, que é o local mais sagrado do islamismo fora da Arábia Saudita e também é reverenciado pelos judeus como cenário de dois templos bíblicos desaparecidos.
Kerry não mencionou a insinuação feita por Netanyahu nesta semana de que Haj Amin al-Husseini, o grão-mufti de Jerusalém nos anos 1940, persuadiu Adolf Hitler a exterminar os judeus.
Os comentários do premiê, que vieram à tona três semanas após o início dos episódios de violência, atraíram críticas generalizadas de políticos da oposição israelense e de especialistas no Holocausto, que acusaram o líder do Estado judeu de distorcer fatos históricos.