BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou nesta terça-feira a necessidade de o governo avançar em reformas estruturais e microeconômicas, mas ao falar de política monetária não mencionou recente mensagem do BC sobre "intensificação moderada" no ritmo de corte da Selic.
Em discurso inicial em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Ilan destacou que o BC iniciou no final do ano passado processo de flexibilização monetária sustentável, em relação ao qual há expectativa "por parte dos analistas de mercado" de flexibilização adicional no futuro.
Sobre o tema, Ilan também disse que o processo de queda da Selic se dá "em face das expectativas de inflação ancoradas em torno da meta, da inflação em queda e do alto grau de ociosidade na economia".
Ele não mencionou, contudo, mensagem publicada pelo BC na semana passada, no Relatório Trimestral de Inflação, quando a autoridade apontou que a possibilidade de uma "intensificação moderada" no ritmo de corte dos juros básicos ganhava força em função do cenário de desinflação difundida.
Desde que iniciou o ciclo de afrouxamento monetário em outubro passado, o BC fez dois cortes seguidos nos juros de 0,25 ponto percentual e outros dois de 0,75 ponto, para o atual patamar de 12,25 por cento.
Diante do cenário favorável para a inflação e da fraqueza na atividade econômica, o mercado estima corte de 1,0 por cento nos juros básicos na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem.
À comissão, Ilan afirmou que para além do esforço fiscal o governo precisa avançar em reformas microeconômicas relacionadas a ganhos de eficiência, flexibilização da economia e melhora do ambiente de negócios para recuperação da economia.
Também reforçou em diversos momentos a necessidade de reformas estruturais, mencionando três vezes a importância da reforma da Previdência, que ainda tramita em fase inicial na Câmara dos Deputados.
"A ênfase deve ser na aprovação das mudanças estruturais capazes de criar as condições para a melhora da dinâmica da economia no longo prazo, como é o caso da reforma da Previdência", disse.
"Só assim teremos crescimento econômico sustentável, continuidade da queda das taxas de juros estruturais da economia e inflação baixa e estável."
(Por Marcela Ayres)